Colaborador: Profº Florisvaldo Batista dos Santos
Várzea Nova é um município que faz fronteira com Morro do Chapéu, Jacobina, Ourolândia e Miguel Calmon que possuem riquezas naturais e em especial são ricos em água e seus climas variam durante todo o ano. Como sabemos Várzea Nova está situado na Bacia do Rio Salitre e, através da captação de água dos poços artesianos mesmo com a estiagem e escassez de chuvas por longo período consegue ser um dos grandes produtores de maracujá, melancia, cebola, tomate entre outros produtos que movem a economia local gerando emprego, renda e, sobretudo consegue alcançar o mercado nacional das grandes capitais do país.
Durante o inicio do verão já no inicio dos meses de novembro e dezembro o município recebe as primeiras chuvas que acabam colorindo a paisagem de verde trazendo alegria aos seus moradores e por consequência as primeiras chuvas enchem locais como açudes e lagoas que acabam sendo pontos turísticos para pesca e visitação a citar a lagoa de Zé Oliveira no centro da cidade, o famoso açude de Salinas, a barragem da Barriguda de Cima, a Redonda, enfim.
Um desses locais foi no passado o ponto de encontro das lavadeiras da cidade, citadas no Poema “As lavadeiras da Redonda” escrito recentemente pelo professor Florisvaldo Batista dos Santos. As famílias várzea-novenses costumavam usar o espaço da Lagoa Redonda localizada a dois quilômetros da cidade sentido Jacobina para lavar roupas, tomar banho, pescar e usar como ponto turístico especialmente nos meses de férias entre dezembro a fevereiro.
Em conversa com alguns frequentadores deste espaço já existe a ideia de propor e sugerimos a nova gestão municipal um plano de revitalização, aterros para estacionamento e placas de sinalização e cuidados para que a sociedade possa desfrutar nos tempos de calor desta e ou destas áreas que acabam se tornando um espaço de lazer – tão raros em cidades do interior. A Redonda se tornou depois das ultimas chuvas um oásis e podemos afirmar que existe um ecossistema parecido com um mangue nos fundos da lagoa com pássaros diversos que chegam para se alimentar e reproduzir.
As lavadeiras da Redonda
(Às lavadeiras da Redonda, do Escalavado e da Cascalheira da minha terra, faço deste pequeno poema minha homenagem)
A profissão de lavadeira era seu oficio
Mulheres, moças e avós
Que lavavam a roupa
Utilizando geralmente a água empossada pós-chuvas
As antigas lavadeiras passavam pelas ruas da cidade
Carregando um ou outro filho menor no colo
E vestidas com saias e vestidos coloridos
Equilibrando as famosas trouxas de roupas na cabeça.
Havia tradição de bater a roupa nas pedras
Para retirar o excesso do sabão, da água e da sujeira
E esperavam ansiosas pelo sol
Para “quarar” suas roupas brancas
E havia gritos: “cuidado menino para não sujar minhas roupas”
E de longe surgiam
Um ou outro menino e até marido de bicicleta
Que traziam o almoço
E a farofa
E a garrafa de café
E tudo virava festa
Os poucos meninos utilizavam os “badogues”
E faziam suas balas com o famoso barro da Redonda
Outros usavam as varas de pescar improvisadas
E as lavadeiras esfregavam suas roupas
Cantarolando velhas cantigas
E era uma festa
Quando no final da tarde retornavam
Felizes
Pelas ruas da pequena Várzea Nova
Equilibrando
Suas roupas lavadas e dobradas na cabeça
E havia poesia naquele momento
E tudo se passou
E ainda há memórias em nós
De nossas mulheres, mães e avós
Que se tornaram as lavadeiras
Por algum tempo e em algum momento!
Por Florisvaldo Batista dos Santos