Pedro Honorato: ‘ OS DESAFIOS DO SUS EM ANO DE ELEIÇÃO ‘.

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e de seus princípios remete a ideais que percorreram a Europa após a Segunda Guerra Mundial trazendo a noção de que o ser humano possui direitos inalienáveis como a saúde e que, portanto, devem ser garantidos e defendidos pelo poder público. No Brasil, essa noção impactou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e sua institucionalização na Constituição Federal de 1988.

Dentre todos os desafios ao longo dos 34 anos de existência, o SUS precisou enfrentar um ainda maior e inesperado, um vírus com histórico de ter sobrecarregado os sistemas de saúde, muito além do sub financiamento que produziu as maiores dificuldades para enfrentamento desta pandemia.

Nesta nova fase da pandemia as pessoas podem estar infectadas com sintomas leves ou até mesmo sem manifestação por até 10 dias, o que, em um contexto de intenso fluxo humano transnacional, pode levar uma nova variante para diversas partes do mundo.

No encontro virtual, destinado a lideranças de movimentos sociais e conselheiros de saúde, do qual participamos, os palestrantes resgataram os desafios para a criação do Sistema Único de Saúde, as desigualdades no sistema em todo território nacional e os diferentes conceitos de saúde, pudemos observar que de um lado o conceito ampliado onde a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, entre outros fatores, e de outro a saúde e a vida são vistas como mercadorias.  

Para quem considera a vida uma mercadoria provocando uma ruptura com princípios do SUS, porque eles não apostam no direito à saúde eles apostam no comércio. Essa questão atravessa o SUS na sua longa história e a Covid faz emergir isso como questão central. O êxito na construção do sistema sempre esteve ligado à existência de governos, em todas as esferas, que identificavam que apostar na vida como a maior riqueza do Brasil faria diferença na construção da política do SUS.

Está bem claro que pessoas que moram em lugares saneados e se alimentam bem com nutrientes necessários para o organismo humano adoecem menos. Talvez isso explique porque estamos vivendo um a avalanche de doenças no Brasil, até mesmo em aspectos estranhos, como agentes infecciosos antes considerados erradicados. para resolver o problema somente o melhor financiamento adequado para a rede de cuidados, produção e equipes de trabalhadores multiprofissionais e produção de vínculos. Diante do cenário político e social brasileiro e da grave crise sanitária e financeira enfrentada pela nossa população, existe a importância de fortalecer a luta pela manutenção de todas as políticas sociais e do sistema público de saúde.

Ainda como atenuante, o advento das eleições de 2022, a qual reforça emendas furtivas ao propósito de fortalecer a vida como o bem maior das pessoas, mas, para a financiar candidaturas pretenciosas e voltadas a interesses meramente financeiros. Ao contrário, luta-se para que todas as vidas sejam defendidas pelo sistema universal de saúde, para que todas as diretrizes do SUS sejam consideradas e por um projeto civilizatório que não seja a financeirização e, que priorize a vida das pessoas. Não seria um desafio, mas, um dever do sistema e dos governos.

Pedro Honorato Profissional de saúde

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