A agricultura moderna intensiva possui intima relação com o uso de agrotóxicos, este modelo agrícola passou a ser difundido em regiões em processo de desenvolvimento, como o Brasil, a partir da década de 1960, afirmam fortes referenciais teóricos como, (SPADOTTO, 2006). Desde então, a agricultura moderna brasileira, adota este pacote tecnológico para subsidiar a produção agrícola do país. Neste contexto, o Brasil passa a consumir cada vez mais agrotóxicos com o intuito de combater pragas e doenças nas lavouras, alcançando o título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo O uso desses produtos químicos traz inúmeras preocupações devido aos impactos que causam, como contaminação de solos, água, ar, alimentos e problemas na saúde humana e ambiental (CARVALHO; PIVOTO, 2011).
Quanto à saúde humana, as substâncias químicas presentes nos agrotóxicos podem agir como promotor tumoral, promovendo o surgimento de células cancerígenas, assim como, na malformação congênita. É importante ressaltar que a exposição química direta e indireta a esses produtos químicos não acontece só nas lavouras, mas também é comum a contaminação de residências próximas às áreas de cultivo onde o agrotóxico é aplicado. Em contrapartida ao uso abusivo de agrotóxicos e o uso desenfreado de recursos naturais, a agroecologia como ciência, tem buscado construir novos conhecimentos e práticas considerando o ser humano como integrante da agricultura, promovendo alternativas que minimizem os impactos ambientais e sociais ocasionados por esse modelo agrícola. Dessa forma, pesquisar, compreender e analisar os impactos provocados pela agricultura moderna é de fundamental importância para se entender a magnitude dos danos e buscar soluções mais sustentáveis na agricultura.
No Brasil a produção científica referente à temática impactos por agrotóxicos é incipiente, o que segundo Souza é contraditório, tendo em vista o modelo agrícola adotado no país e a alta dependência por agroquímicos, sendo que nos últimos dez anos o Brasil consumiu 3.797.672.330 kg de Ingrediente Ativo em agrotóxicos (IBAMA, 2018). Os escassos estudos realizados no país estão publicados em revistas que debatem assuntos de saúde referentes aos efeitos nocivos do uso de agrotóxicos na saúde humana.
Estes estudos realizados juntamente com estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul também abordaram em seus estudos os riscos de intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores rurais. Riscos de acidentes de trabalho relacionados ao uso de agrotóxicos também foram relatados em um estudo ao estudarem o perfil dos indivíduos envolvidos em intoxicações, descobriram que a maior prevalência está no sexo masculino, em idade adulta, resultados também encontrados por Rebelo et al.
Estudos com moradores das comunidades próximos das grandes lavouras de soja milho e algodão no Oeste da Bahia expostos aos agrotóxicos apresentam grande quantidade de trabalhadores que tiveram danos nos seus mecanismos de defesa celular e alterações nas atividades de telômero, transtornos mentais, doença do tabaco e sibilância. Além disso, os trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos têm maior chance de morrer por suicídio.
Por fim, um estudo realizado com agentes comunitários de saúde, em Goiás, demonstrou, também, que o grupo exposto apresentou maiores danos ao DNA quando comparado ao grupo controle. Um estudo realizado com agentes de controle da malária da região da Amazônia identificou que esses trabalhadores possuíam níveis sanguíneos de DDT bem superiores aos da população em geral. Agentes de endemias, que estão diariamente expostos aos agrotóxicos, apresentaram maiores chances de tremores.
A literatura consultada traz importantes contribuições da produção científica sobre os impactos deletérios do uso de agrotóxicos sobre o ambiente e a saúde humana e acerca do precário monitoramento da exposição aos agrotóxicos, visando ao cuidado com a saúde.
Pedro Honorato
Referências bibliográficas
IBAMA. Relatórios de Comercialização de agrotóxicos. 2018. Disponível em: https://www.ibama.gov.br/agrotoxicos/relatorios-de-comercializacao-de-agrotoxicos. Acesso em: 04 de mai de 2019.
Rebelo FM, Caldas ED, Heliodoro VO, et al. Intoxicação por agrotóxicos no Distrito Federal, Brasil, de 2004 a 2007 – análise da notificação ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica. Ciênc. Saúde Colet. 2011; 16(8):3493-3502.
CARVALHO, N. L.; PIVOTO, T. S. Ecotoxicologia: conceitos, abrangência e importância agronômica. Revista Eletrônica do PPGEAmb-CCR//UFSM, v. 2, n. 2, p. 176-192, 2011.7.
SPADOTTO, C. A. Influência das condições meteorológicas no transporte de agrotóxicos no ambiente. Boletim SBMET, 2006.
Pedroprimo1@hotmail.com¹ graduação em História,
Pedroprimo1@hotmail.com² graduação em sociologia,
Pedroprimo1@hotmail.com³ graduação serviço social & ME.SSE.