O martírio dos morrenses para marcar uma consulta médica no SUS

Falta de comunicação e de profissionais precariza o serviço de saúde pública.

Por volta das 6h15 uma fila já estava formada no portão da USF Cleofânio Barreto no último dia 18/10. Quarta-feira é o único dia para marcação de consultas e, mesmo chegando muito cedo, muitas pessoas não conseguem. (Foto: Erick Vizoki/Conexão Morrense)

Erick Vizoki
As marcações de consultas nas Unidades de Saúde da Família (USF) de Morro do Chapéu estão cada vez mais difíceis. Na USF Cleofânio Barreto, por exemplo, as marcações só podem ser agendadas nas manhãs de quarta-feira, ainda assim para um número limitado de pessoas. No último dia 11/10 foram marcadas apenas 10 consultas (deveriam ser 9, mas a atendente quebrou o protocolo e marcou uma a mais). Mais de 15 pessoas voltaram para casa sem conseguir marcar suas consultas naquele dia. Na semana seguinte, no dia 18/10, foram agendadas 18 consultas. Mais pessoas voltaram para casa, algumas pela segunda ou terceira vez, sem conseguir seu objetivo.
Todas as quartas-feiras uma enorme fila se forma naquele posto de saúde logo cedo. Por volta das 6h da manhã, ou mesmo antes, já tem gente tentando marcar uma consulta para passar pelo médico, no caso uma médica, Dra. Eliane, a única a atender naquela unidade durante a semana. A USF abre as portas às 8h da manhã, portanto várias pessoas chegam a ficar quase duas horas esperando para tentar marcar uma consulta, muitas vezes sem sucesso.
Segundo apurado pelo Conexão Morrense, os agendamentos realizados na quarta-feira são para atendimentos realizados ali mesmo, na USF Cleofânio, nas segundas e quintas-feiras. Nas terças-feiras são atendimentos para pré-natal e puericultura, e às quartas-feiras a médica dedica-se a visitas domiciliares, a pessoas acamadas. Nas sextas-feiras os atendimentos são exclusivamente emergenciais, quando os pacientes são encaminhados para outras unidades mais especializadas com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Hospital Municipal.
De acordo com o apurado por nosso site, no dia 17/10 (terça-feira) foram feitos mais de 20 atendimentos, muitos por questões de urgência, além de pré-natal e puericultura. Na última quarta-feira (18/10) foram feitos agendamentos para até o dia 30/10 (segunda-feira). Os próximos agendamentos deveriam ser realizados no próximo dia 25/10 (quarta-feira), mas não serão mais, segundo informações. Isso porque o próximo dia 02/11 será feriado, Dia de Finados. Ou seja, aqueles que não conseguiram marcar suas consultas no dia 18/10 só poderão fazê-lo, agora, no próximo dia 1º de novembro (quarta-feira), véspera do feriado, se não for decretado ponto facultativo.
E essa alta demanda por marcação de consultas e atendimentos ocorrem em praticamente todas as unidades de saúde da cidade, de acordo com informações fornecidas na USF Cleofânio. O principal problema é a falta de informação para a população, o que deveria ser feito pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) ou pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom). O Programa Saúde da Família (PSF) é um programa de prevenção à saúde, não é estruturado para procedimentos de urgência ou de alta complexidade em suas unidades básicas. Por isso muitas pessoas recorrem primeiramente às USFs ao invés de procurar o aparelho de saúde correto, como o hospital ou a UPA. E isso acaba sobrecarregando os postos de atendimento preventivos que já sofrem com a falta de profissionais constantemente.
É provável que um eficiente trabalho de comunicação social minimizasse o problema. A Sesau, infelizmente, não tem permissão da Secom para falar com a imprensa local para dar esclarecimentos. E a Secom também não dá declarações e nem desenvolve um trabalho eficiente de conscientização e de informação junto à população. Mesmo o site oficial da prefeitura é muito pobre em informações úteis. Não consta nele, por exemplo, nomes, endereços e telefones das unidades de saúde do município, horários de funcionamento, atendimentos oferecidos etc. E uma comunicação precária só ajuda a piorar cada vez mais os serviços oferecidos aos morrenses pela administração municipal.
http://conexaomorrense.wixsite.com

1 comentário em “O martírio dos morrenses para marcar uma consulta médica no SUS”

  1. A sociedade trabalhista

    Essa é a gestão de destaque e tem responsabilidade com a população? Essa prefeita não está nem aí pra pobres ela só quer dinheiro e poder.
    Um outro dia no USF da caixa d’água uma senhora de 70 anos foi humilhada e saiu sem entregar um exame por esses incompetentes que não sabem trabalhar.
    Ano que vem é ano eleitoral e a população que tiver consciência vai mostrar o caminho para essa forasteiro farrista

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