O Deus que é o sentido da vida necessariamente é?

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A nova coluna do LRN promete!

Assim, apresento-lhes com direito a todos os comentários e questionamentos pelo site e no Instagram:

 

Que Deus? ²

 

O Deus que é o sentido da vida necessariamente é?

 

Responder essa pergunta é conhecer a essência ou a natureza, termos que com o decorrer dos séculos foram tornando-se intercambiáveis, “que coisa é isso?”, existem muitas formas de conseguir chegar nesta resposta, porém a mais segura delas é pela forma, sabemos o que algo é pela forma em que a matéria se organiza, peguemos uma tesoura como exemplo, sabemos que é uma tesoura pois sua forma propicia o corte, no entanto, podemos afirmar que existem muitos objetos cortantes que também possuem a finalidade de cortar, como facas, espadas, canivetes e lâminas. Todos, contudo, cortam de formas ‘diferentes’ e com objetos distintos, não possuindo formas iguais o sentido da vida não se compõe de várias coisas mas de uma coisa só que se manifesta nos diferentes contextos e tempos de nossa vida, é bem simples entender o conceito de forma, imaginemos a fôrma de bolo, ela pode ser quadrada ou circular com furo no meio e isso definira o formato do bolo, as “formas” são as “fôrmas” da realidade, são elas que definem o “formato” de todas as coisas, então poderíamos descobrir a forma de Deus ou a “fôrma” de onde Deus vem?

Existem certas coisas sobre a essência divina aquilo que Deus é que podemos afirmar de forma categórica, podemos fazer isso por contraste conosco e com a realidade que nos cerca, por exemplo temos certeza absoluta de que Deus não é um ser material, se fosse poderia ser medido, mensurado e estaria passível de investigação cientifica, tudo aquilo que possui uma dimensão material é divido em partes e está passível ao tempo, sendo material Deus seria “menor” que o tempo, este que lhe infligiria mudanças, já inferimos anteriormente que Deus é o sentido da nossa vida e que sentido da nossa vida é algo sólido, que vale para ela inteira, tanto no tempo quanto nos contextos de vida, isso imputa que Deus é Simples, ou seja não existem partes em Deus, ele não é composto, não é divisível, o sentido da vida não se compõe de várias coisas, mas de uma única realidade que se manifesta nos diferentes contextos e momentos de nossa vida.

Bem como imputa que Deus é infinito pois ele precisa satisfazer o desejo do meu coração inteiro, o que nada material e que possui uma realidade finita pode fazer, pois ao acabar ou deixar de ser o que é, perder a sua forma, este algo finito já não satisfaz mais meu sentido da vida, seres materiais não podem ser infinitos pois possuem partes, ao menos eles possuem uma parte física, a matéria que os compõe e uma parte metafísica, a forma que diz como a matéria será organizada, isso nos leva a entender que Deus é imutável, ele não muda, ele é perfeito pois não existe nele a necessidade de buscar algo para ser completo, essa não mudança de Deus implica em sua perfeição pois só o que é imperfeito busca ser “atualizado” para estar cada vez mais próximo da sua forma ideal, adequar-se a sua “fôrma”.

E só pode mudar o que possui movimento e só existe movimento dentro do tempo, tente imaginar uma sequência de movimentos que não é medida em um espaço de tempo, você consegue? o que faz com que Deus seja eterno. Essa eternidade preenche o desejo do nosso coração de transcender nossa mortalidade. Percebemos aqui que essa ‘realidade’ que é Deus, ao ser contemplada racionalmente, de fato satisfaz plenamente o sentido de nossas vidas.

O que nos leva a uma pergunta que somente com o entendimento daquilo que Deus é partindo daquilo que não somos, conseguimos responder, há um Deus ou vários Deuses? Simples,

infinito, imutável e eterno, quantas “coisas” assim podem existir? Podem coexistir? Posso ter dois sentidos de vida? A resposta imediata é não, e essa resposta de fato está correta, não existem dois infinitos, não posso ter dois sentidos de vida que me satisfaçam por completo de forma que um não anule o outro, um não tome o espaço do outro em meu coração, a possibilidade de múltiplos infinitos se anula quando entendemos que o infinito é algo que não começa nem termina, que não se passa através de, o que nos leva a entender que Deus é uno.

O que faz com que compreendamos aqueles momentos em nossas vidas em que nos faltam palavras para descrever como estamos, o que sentimos, o que pensamos, percebemos que nesses momentos estamos contemplando a eternidade e a infinitude. Por mais simples que ela pareça, essa condição de ser algo que não muda e que sempre é não pode ser completamente compreendida, existe cognoscibilidade, compreensão da inteligência humana acerca desta “coisa” mas nunca haverá dela por inteiro, só Deus se conhece e nos conhece como um todo, o que faz dele inefável.

Vamos organizar de forma detalhada o que entendemos sobre Deus até agora:

  1. Simplicidade

A simplicidade de Deus significa que Ele não é composto de partes ou elementos distintos. Diferentemente dos seres materiais, que são compostos e podem ser divididos, Deus é absolutamente uno e indivisível. Essa ideia de simplicidade transcende nossa compreensão usual de coisas e seres, pois tudo o que conhecemos no mundo é composto: cada objeto, pessoa, e mesmo as ideias possuem partes e aspectos. Na visão de Santo Tomás de Aquino, a simplicidade divina é um reflexo da perfeição de Deus. Ele não precisa de partes ou de algo fora de Si para existir, pois Sua essência é o próprio ato de existir (Ipsum Esse Subsistens).

Essa simplicidade divina ecoa o nosso desejo por algo fundamental e puro em nossa existência. Nos momentos em que buscamos algo que não se desintegre, que seja sólido e estável, estamos refletindo um anseio por essa simplicidade que só Deus possui. A simplicidade nos faz entender que Deus é um ponto de união, de estabilidade e de totalidade, um ser que não se fragmenta e que oferece uma base sólida para nossa vida.

  1. Infinitude

O atributo de infinitude nos mostra que Deus não tem limites ou fronteiras. Enquanto os seres criados são sempre limitados — em tempo, espaço, poder e conhecimento —, Deus é ilimitado. Ele transcende toda limitação e contém em Si a plenitude do ser. Para a razão, isso implica que nada fora de Deus poderia restringir ou delimitar Sua essência; Ele é a fonte de todo o ser e, por isso, é imensurável.

Esse atributo da infinitude reflete o desejo humano por algo que ultrapasse nossas próprias limitações. Em nossa busca incessante por plenitude, por um sentido de realização completa, percebemos que apenas o infinito pode satisfazer completamente nossos anseios. Tudo o que é finito eventualmente esgota seu valor ou perde seu impacto, mas Deus, sendo infinito, permanece sempre novo e satisfatório.

  1. Imutabilidade

Deus, sendo perfeito, não sofre alterações ou mudanças. A imutabilidade é um reflexo de Sua plenitude: Ele é completo em Si mesmo e não precisa evoluir, crescer ou adaptar-Se. Enquanto nós mudamos ao longo do tempo, buscamos aprimorar nossas qualidades, e enfrentamos os altos e baixos da existência, Deus permanece constante e imutável.

Nossa experiência humana de mutabilidade e imperfeição reforça o valor da imutabilidade de Deus. Em um mundo onde tudo muda — as estações, as circunstâncias, nossas próprias emoções —, anelamos por algo que seja constante e seguro. A imutabilidade divina nos garante que Deus é fiel, que Suas promessas são eternas e que Ele sempre será o mesmo. Isso traz conforto e esperança, pois Deus é uma rocha firme em meio às incertezas da vida.

  1. Eternidade

A eternidade de Deus significa que Ele está fora do tempo. Deus não tem passado, presente ou futuro; Ele simplesmente é. Enquanto o tempo implica em uma sequência de eventos e mudanças, Deus existe de modo absoluto e simultâneo. Ele não envelhece, não cresce e não se move ao longo do tempo.

Para nós, que somos seres temporais, a eternidade é algo quase incompreensível, mas que reflete um anseio profundo. A experiência humana da mortalidade e da finitude cria em nós o desejo de transcender essas limitações. Quando pensamos na eternidade de Deus, nos lembramos de nossa própria aspiração à vida eterna, uma promessa que a fé nos assegura e que está profundamente ligada ao próprio ser de Deus.

  1. Unidade

A unidade de Deus afirma que Ele é único e indivisível. Não há multiplicidade em Deus, pois isso implicaria em limitações e distinções que são incompatíveis com Sua infinitude e simplicidade. Essa unidade é essencial para compreender a unicidade de Deus: não existem outros deuses, porque Ele é o absoluto, o único Ser que existe por Si mesmo e que é a fonte de tudo o que existe.

Para nós, a unidade divina ressoa com o desejo por uma verdade absoluta, uma realidade que unifique todas as coisas e dê sentido à pluralidade e complexidade do universo. No fundo, o ser humano anseia por uma unidade que transcenda as divisões e conflitos deste mundo, algo que só Deus pode proporcionar.

  1. Inefabilidade

Finalmente, o atributo da inefabilidade reflete a incapacidade de descrever plenamente Deus em palavras humanas. Embora possamos afirmar algo sobre Ele, nossas palavras e conceitos sempre serão limitados diante de Sua transcendência. Deus é misterioso e inefável, e por mais que a razão tente compreendê-Lo, sempre existirá algo além do nosso entendimento.

Essa inefabilidade não é um obstáculo, mas uma abertura ao mistério e à contemplação. Como seres finitos, ansiamos por algo que nos transcenda, que seja grande demais para ser completamente compreendido ou possuído. A inefabilidade divina nos lembra que sempre haverá uma dimensão de Deus que nos escapa, mas que, ao mesmo tempo, nos chama e nos atrai para mais perto d’Ele.

Se há em Deus atributos e qualidades que nós não temos, há nele ou seria o contrário há em nós atributos e qualidades que ele tem?

 

Franklin Ricardo, Católico, esposo, pai de quatro filhos, estudante de artes liberais, filosofia e teologia, apaixonado pela cultura latina e pelos grandes clássicos da cultura ocidental; ex-ateu, converso pela graça santificante.

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