Estreia: ‘Catolicismo a baiana. Devagar, quase parando! ’

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A nova coluna do LRN promete!

Imaginem o tamanho do orgulho que os filhos nos proporcionam …

Pois é, Graças a Deus e a todo o esforço que a mãe deles sempre fez para oferecer-lhes educação doméstica de qualidade, estimulando-os à leitura e à busca pelo conhecimento, cada um a seu modo, vai nos dando provas desta transformação.

Desta feita, Franklin Ricardo, Católico, esposo, pai de quatro filhos, estudante de artes liberais, filosofia e teologia, apaixonado pela cultura latina e pelos grandes clássicos da cultura ocidental; ex-ateu, converso pela graça santificante, vem conversando com o pai Léo para escrever periodicamente ao nosso espaço informativo,

Não contei conversa e perguntou se e quando começaria…

Não é que este domingo de calor recebeu o primeiro texto tão quente quanto o tempo lá fora, pelo menos para Morro do Chapéu e Várzea Nova.

Assim, apresento-lhes com direito a todos os comentários e questionamentos pelo site e no Instagram:

 

Qual o sentido da vida?

 

Imagine que alguém te para na rua e te faz a pergunta: “Qual o sentido da vida?”. Sem muita reflexão, você pode dar respostas rápidas, como comprar um carro, uma casa, fazer uma faculdade ou conseguir um emprego melhor. Mas, ao chegar em casa e refletir um pouco mais, percebe que essas coisas, embora importantes em certos momentos, não satisfazem completamente a pergunta sobre o verdadeiro sentido da sua vida. Elas podem ser metas momentâneas, mas certamente não são a razão última pela qual você vive ou a resposta ao que há além da vida.

 

Aprofundando essa reflexão, você entende que o sentido da vida precisa ser algo verdadeiro, pois ninguém quer um sentido baseado em mentiras. E mais: precisa ser algo constante, que não muda conforme as circunstâncias ou desejos passageiros. Ao sentar para tomar um café, você percebe que também deseja que esse sentido seja permanente, assim como aquele breve momento de paz ao saborear a bebida. Algo que, ao contrário de momentos fugazes, seja eterno e sólido.

 

Enquanto o açúcar no café te dá uma rápida dose de energia, os pensamentos se aceleram. Você quer um sentido simples, claro como o sabor doce que sente na boca, mas que não mude e nunca termine. Só que isso não basta. O sentido da vida precisa ser algo completo, real, algo que abranja toda a sua existência, não apenas partes dela. E, mais importante, deve ser algo bom, não bom apenas para o seu ego, mas algo que te faça ser uma pessoa melhor. Algo tão bom que, ao viver por esse sentido, as pessoas ao seu redor também se beneficiem da sua transformação.

 

Neste ponto, ao cortar o pão para passar manteiga, mais um pensamento surge: o sentido da vida, para ser realmente bom, não pode conter erros. Tem que ser algo perfeito, imaculado. Talvez haja uma palavra pouco usada, mas que se encaixa perfeitamente: o sentido da vida deve ser Santo.

 

Com sua esposa começando a se irritar com a sua demora em ajudar nas tarefas da casa e das crianças, você suspende essa linha de raciocínio para cumprir suas responsabilidades. Mas a pergunta não te abandona: “Estou próximo de entender o sentido da vida, algo que tantas pessoas procuram e que parece não ter resposta neste mundo moderno, com relações líquidas e superficiais.” Enquanto você serve sua família, percebe outro detalhe: o sentido da vida precisa incluir o amor. De nada adianta ser verdadeiro, eterno e santo, se não houver amor envolvido.

 

Ao passar manteiga demais no pão, você entra em choque: uma verdade sem fim, que não muda, que é boa e que me ama… isso não pode ser uma simples “coisa”. Deve ser alguém. Um alguém que é tão bom para mim que me faz ser melhor. Você pensa na sua esposa e nos seus filhos, mas lembra que esse sentido da vida deve ser algo que nunca erra. E por mais que sua esposa seja a senhora da razão em casa (uma verdade que você decide guardar para si!), ela também erra. Então, isso não pode ser uma pessoa comum.

 

Sua esposa, percebendo seu comportamento aéreo, pergunta o motivo de sua distração. Você a olha e, em um momento de inspiração, pergunta: “Meu bem, qual o sentido da sua vida?” Ela estranha a pergunta, mas responde de forma direta: “Deus, quem mais poderia ser?”

 

Uma fisgada perfura a sua alma. Claro, a resposta sempre esteve ali. O sentido da vida é Deus! Como não percebi isso antes?

 

Mas, em seguida, surge uma nova pergunta: “Que Deus?”

 

“Aliás, basta um simples olhar pela história antiga para ver com toda a clareza como surgiram simultaneamente, em diversas partes da terra animadas por culturas diferentes, as questões fundamentais que caracterizam o percurso da existência humana: Quem sou eu? Donde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta vida? Estas perguntas encontram-se nos escritos sagrados de Israel, mas aparecem também nos Vedas e no Avestá; achamo-las tanto nos escritos de Confúcio e Lao-Tze, como na pregação de Tirtankara e de Buda; e assomam ainda quer nos poemas de Homero e nas tragédias de Eurípides e Sófocles, quer nos tratados filosóficos de Platão e Aristóteles. São questões que têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem: da resposta a tais perguntas depende efetivamente a orientação que se imprime à existência.”¹

 

A busca por Deus é uma das questões mais fundamentais da existência humana, presente em diversas culturas e civilizações ao longo da história. Ao contemplar a vastidão do universo e a complexidade da vida, o ser humano sente uma necessidade profunda de entender seu lugar no cosmos. Essa busca pelo sentido da vida se revela tanto nas grandes perguntas filosóficas quanto nas pequenas maravilhas do cotidiano.

 

Quando olhamos para o céu ao amanhecer, as cores vibrantes do sol pintam a atmosfera de uma forma que nos faz sentir parte de algo maior. O suave murmúrio do vento entre as árvores e o canto dos pássaros nos convidam a parar e apreciar a beleza da criação. Essas experiências sensoriais são como janelas para o transcendente, levando-nos a questionar: “Quem está por trás de tudo isso?”

 

Essa observação da realidade leva muitos a refletirem sobre as forças que governam o mundo ao nosso redor. Fenômenos naturais como a chuva, o vento, os rios fluindo, as tempestades se formando – todos nos lembram de que não somos os donos da criação. Historicamente, muitos atribuíram a essas forças um caráter divino. Civilizações antigas personificavam esses fenômenos em deuses, como os panteões gregos, nórdicos e egípcios, cada um representando aspectos da natureza.

 

Contudo, a busca por Deus não se limita a essas representações. Ao empenhar a razão para entender o mundo, o ser humano descobre que cada fenômeno natural pode ser uma pista de algo maior, algo que revela o Criador. O universo inteiro se torna um reflexo do sagrado, onde as interações e a complexidade da vida nos levam a perguntar: “Quem está por trás de tudo isso?”

 

Aqui entra a filosofia, uma ferramenta poderosa na busca por respostas. No Fédon, Platão nos mostra a luta humana para compreender as verdades mais profundas da vida. Sócrates, em um diálogo com Símias, reconhece a dificuldade de encontrar certezas, mas insiste na importância de não abandonar a busca:

 

“Parece-me, Sócrates, e talvez também a ti, que na vida presente não se pode atingir a verdade segura sobre essas coisas, ou, se possível, com imensas dificuldades. No entanto, seria um erro não estudar essas questões até o fim e, se não conseguimos o conhecimento certo, devemos, ao menos, nos apegar à explicação mais segura, como quem se agarra a um barco para atravessar o oceano, a menos que possamos encontrar algo mais sólido – como uma revelação divina.”²

 

Essa declaração ressoa profundamente com a nossa busca. Depois de encontrar a resposta de que o sentido da vida é Deus, ainda resta a pergunta que desafia a humanidade há séculos: Que Deus é este?

 

¹ Fides et Ratio – Papa São João Paulo II, § 1.

² Fédon – Platão, pág. 80.

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