Episódios do Junhão: ‘TATTOO MALDITA’ e novo livro do autor

BRASIL DIA-A-DIA ENTRETENIMENTO INTERNACIONAL MORRO DO CHAPÉU REGIONAL

Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão, será publicado em breve pela Editora Amazon. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.

O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.

A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.

As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.

As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.

 

Com a retomada das atividades em nosso site, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar.

Episódios do Junhão: ‘A BENÇÃO DO PELÔ’ e novo livro do autor

BRASIL DIA-A-DIA ENTRETENIMENTO INTERNACIONAL MORRO DO CHAPÉU REGIONAL

Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão, será publicado em breve pela Editora Amazon. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.

O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.

A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.

As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.

As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.

 

Com a retomada das atividades em nosso site, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar.

 

Assim, os Episódios do Junhão serão revisitados e começamos com a presentação do livro que esta disponível pela Amazon.com.br no endereço https://www.amazon.com.br/Epis%C3%B3dios-Junh%C3%A3o-Joswilton-Jorge-Nunes/dp/B08PQP2SF2 e você confere o novo episódio:

TATTOO MALDITA

 

JUNHÃO

Vinte e três anos de idade. Está no quarto se admirando no espelho da porta do guarda-roupa. Depois fica de costas pelejando para ver se está bem visível a tatuagem que mandou fazer na barriga da perna esquerda. Olhando de longe parece uma mancha preta, por isso ele se esforça em verificar se o símbolo tribal está bem tatuado. Depois vai para a sala e senta-se no sofá. Está de bermuda e cruza uma perna sobre a outra.

CEIÇA

Quarenta e três anos de idade. Está fazendo serviços de limpeza na cozinha. Ela gosta de deixar tudo bem limpo e brilhando, após o uso dos utensílios domésticos. Depois de lavar os pratos vai para a sala pensando em descansar, enquanto assiste a uma novela na televisão. Relaxada após o extenuante trabalho, provavelmente irá madornar um pouco, mesmo estando sentada.

Mas, como nesse apartamento as confusões não cessam, logo a esperança dela se desfaz. Após ligar a televisão senta-se na poltrona perto de onde o filho está. Mas, ao olhar para o lado toma um susto enorme ao ver as pernas do filho. Na mesma hora esbugalha os olhos e a cabeça começa a fumaçar. Levanta-se ligeiro e vai para a frente dele tremendo de raiva. Coloca as mãos nas cadeiras, meneia e, enfurecida, pergunta com a voz alta:

– Mas que diabo é isso?!… Você endoidou de vez?!… Como é que faz uma desgraça dessa, seu ordinário?!

JUNHÃO

Está tranquilo devaneando sobre o sucesso que fará quando mostrar a sua obra-prima aos amigos. De repente tem um sobressalto ao ouvir a voz estridente da mãe. Fica assustado sem saber o motivo da pergunta e inquire de modo acanhado:

– Isso o que?!…

CEIÇA

Irritada a ponto de explodir, diz o motivo da sua indignação:

– Você com essas canelas “rapadas”! E ainda tem a cara de pau de perguntar o que foi?!… Onde você já viu homem ser depilado, sua “miséra”?!

A seguir comenta:

– É cada uma que eu vejo! Pensei que já tinha visto de tudo nessa vida e agora você me aparece mais essa! Essa criatura não “mim” dá sossego. Só Jesus na causa! Misericórdia!…

JUNHÃO

Fica calmo ao saber o motivo do escândalo. Tentando tranquilizá-la, fala:

– Ah, sim…, agora entendi! É a tattoo que fiz, por isso raspei as pernas para que a arte fique bem visível.

CEIÇA

Ao ouvir a justificativa fajuta, ela fica mais enfurecida ainda e fala quase gritando:

– Arte merda nenhuma, seu burro! Não venha “mim” enrolar!… Onde já se viu fazer um malfeito fuleiro desse nas pernas, seu “cabra safado”?!…

JUNHÃO

Demonstrando constrangimento porque a mãe não aceita o seu desenho na pele que é difícil de ser apagado, ele abaixa a cabeça e fica calado por alguns segundos, pensando em algum argumento que a convença a aceitar a tatuagem. Pouco depois explica:

– É que está na moda raspar os pêlos das pernas para que todos vejam a tattoo e elogiem o meu bom gosto…

CEIÇA

Não acreditando no que ouviu, fica irada e reclama:

– Eu não acredito que alguém admire uma merda dessa! Só se for uma pessoa desequilibrada igual a você! Sempre “mim” alertaram que você poderia ter distúrbio mental, mas nunca imaginei que chegasse a esse ponto.

JUNHÃO

Está acabrunhado porque a mãe não aceitou que ele tenha uma tatuagem. Frustrado com o fato, fica pensativo sem saber como resolver a situação. Mas tem esperança que ela reveja a opinião radical.

Enquanto isso, resmunga:

– Essa criatura é muito cafona; nada agrada a ela.

CEIÇA

Apesar de estar descontrolada, volta a aparentar estar calma e sorri levemente. Aproveita para explanar a sua sabedoria popular adquirida quando era criança no interior:

– Eu nasci na roça e sei muito bem o que é tatu; aliás, é um bicho muito gostoso quando é cozinhado com óleo de licuri.

A seguir faz uma recomendação:

– Mas hoje em dia é proibido comer essa caça, porque pode transmitir doença aos humanos, do tipo doença de chagas, que faz o coração crescer e causa a morte. Por causa disso perdi a vontade de comer esse bicho nocivo à saúde.

JUNHÃO

Acha graça da ingenuidade dela e explica:

– Não falei do animal tatu e sim de tattoo, uma palavra em inglês que significa tatuagem. É porque já nos habituamos a falar muitas palavras nesse idioma.

CEIÇA

Não se acalma com a explicação dele e volta a ficar estressada reclamando nervosa:

– Eu moro no Brasil e a gente tem que falar é “brasileiro”!… Nós devemos falar a nossa língua e não a do povo estrangeiro! Além do mais, você mora aqui e não lá “nas europa”.

JUNHÃO

Fica calado balançando negativamente a cabeça em desaprovação ao falatório e à ignorância da mãe.

CEIÇA

Mesmo estando revoltada e raivosa ela finge curiosidade. Indaga o filho na malícia com a voz branda:

– E cadê a tal de tatu? Mostre a “dita-cuja” pra ver se você tem bom gosto.

JUNHÃO

Levanta-se do sofá entusiasmado pensando que a mãe finalmente teria cedido. Mostra com orgulho a tatuagem na panturrilha pensando que ao ver o símbolo tribal a mãe irá ficar agradada.

CEIÇA

Coloca os óculos de grau e passa alguns minutos vendo o desenho em silêncio para analisar nos mínimos detalhes o emblema desenhado. Instantes depois ela conclui a observação minuciosa. De repente, arregala os olhos e solta labaredas pelas ventas. Encolerizada, reage aos gritos:

– Misericórdia!… Mas que diacho feio é esse?!… Você ficou doido de vez, seu sem noção?!… Acabei de crer que perdi o meu tempo protegendo você quando era bebê. Naquela época não deixava nem uma muriçoca pousar pra não manchar a sua pele.

Desgostosa com o que viu, lamenta:

– E agora, olhe o que você fez?!… Estou arrependida com o tempo perdido que tive, ao ver esse cabeça de bagre manchar o couro sem necessidade!…

A seguir censura:

– “Crém Deus Pade”! Que coisa horrorosa!… Só tem risco preto!… Quando a gente olha de longe essa presepada, parece que está vendo uma casca de pereba. Qual é a graça disso, sua “miséra”?

Depois conclui:

– Tenho certeza absoluta que você fez essa baboseira na perna só pra “mim” pirraçar!

JUNHÃO

Com a reprimenda ele fica com o olhar decaído demonstrando arrependimento. Nem de longe se parece com o rapaz radiante que esperava ostentar a tatuagem para os amigos admirarem.

CEIÇA

Insatisfeita com o malfeito do filho, fala com lamúria:

– Coitado… Nasceu com o corpo todo limpinho e agora o inconsequente suja a pele com essas porcarias!… Só Jesus na causa!

JUNHÃO

Calmo, tenta tranquilizá-la para ver se consegue a aprovação da mãe e diz:

– É apenas um símbolo tribal… Hoje em dia é normal na juventude!…

CEIÇA

Volta a ficar mais nervosa ainda e continua com o esporro:

– E você é algum índio pra usar símbolo de tribo?!… Eu não quero saber de canibal aqui em casa!… Onde já se viu?!… O sujeito “tá todo” errado e ainda quer ter razão. É um cabeça de vento. Estou abismada com tanta aleivosia sua.

Desconfiada sobre a maternidade do filho, afirma:

– Eu não sei quem pariu esse peste. Acredito que ele deve ter sido trocado no hospital. Esse fulano deve ter sido o resto da parição de alguma maloqueira. Não vai ter exame de DNA que garanta que é nosso filho.

Desgostosa, comenta:

– O sujeito não puxou nem a mim e nem ao Alcebíades, porque a gente nunca teve essa doidice de manchar o couro da gente.

JUNHÃO

Faz careta e trejeitos de desaprovação pelo que está ouvindo. Apenas exclama:

– Não sei por que está fazendo tanto bafô!… Não tem cristão que aguente você armando barraco por qualquer besteira.

CEIÇA

Apesar de aparentar estar conformada, retribui a acusação dizendo:

– Deus que me livre, você só faz merda!… Uma em cima da outra!…

JUNHÃO

Assustado com a reação dela, fica calado olhando para as paredes. Acuado, tenta se redimir do problema que arranjou com a tatuagem. A seguir argumenta:

– Mas os artistas fazem muitas tatuagens e ninguém diz nada…

CEIÇA

Volta a ficar totalmente sem controle emocional e esbraveja:

– E eu sou lá mãe de artista?!… E você, seu cabeça de bagre, é artista aonde?! Hem, Júnior?!!!… Só se você for o Pedro Malasartes, o rei da enrolação e da mentira. Copiar tudo que vê nos outros é inveja, sabia?!… Agora eu vi merda aumentar de preço…

Muito revoltada, continua criticando-o:

– Descobri agora que estou com um invejoso de meia-tigela em casa. Mas aqui tem governo e vou lhe botar nos trilhos, ordinário!

E ordena espumando pelos cantos da boca:

– Agora você vai pegar um caco de telha e depois vá para o banheiro!…

JUNHÃO

Franze a testa e arregala os olhos. Fica apreensivo com o que estar por vir.

CEIÇA

Conclui a sua sentença com a autoridade que só ela tem:

– Esfregue o caco de telha na perna em cima dessa coisa horrorosa e “rape” essa merda de tatu até o couro ficar em “carne viva”! Apague tudo, porque não quero que o povo olhe pra você e pense que é um marginal delinquente!

JUNHÃO

Fica sem graça e vai para o quarto. Senta-se na cama. Passa a mão nervosamente pelo queixo, enquanto os olhos giram sem parar de um lado para o outro. Não sabe o que fazer para minorar a situação perante uma mãe irredutível.

CEIÇA

Depois de algum tempo o sangue esfriou e está calma. Porém, fica angustiada com o pesado castigo que impôs ao filho. Fala para si:

– Coitado, ele não fez por mal. Deve ter sido influenciado por algum amigo maligno. Amizades ruins é o que mais tem nesse mundo. Além do mais, ele é tão lindo que aquela coisa feia parecendo uma pereba não vai tirar a beleza dele.

E continua demonstrando arrependimento:

– Vou lá no quarto dizer a ele que eu aceito que ele fique com aquela tal de tatu. Afinal, foi uma perversidade eu ter ordenado o meu filhinho para “rapá” a tatu com um caco de telha. Mas, quando o pai dele vier passar uns dias em casa eu vou recomendar para que ele não fique de bermuda, para não deixar a pereba e as pernas “rapadas” à mostra.

A seguir exclama:

– Espero que o Alcebíades não veja e nem sonhe com uma desgraceira dessa! Tenho fé em Deus que Ele não me deixe passar esse vexame por causa do Juninho.

 

Autor: Joswilton Lima

Resumo da biografia do autor:

 

Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.

Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.

Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.

Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.

Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.

1 thought on “Episódios do Junhão: ‘TATTOO MALDITA’ e novo livro do autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *