O escritor Joswilton Lima registrou os seus livros na Biblioteca Nacional do Brasil e está de posse dos Certificados. Para aquisição do livro físico ou digital é só clicar na capa:
Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.
O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.
A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.
As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.
As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.
A seguir, Episódios do Junhão I e II. Para adquirir basta clicar na imagem:
Joswilton Lima também é autor de ‘Enígmas da Escuridão’ e você também tem acesso ao livro para aquisição, pelo link que está na imagem, basta clicar:
Agora que você chegou até aqui, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar:
O REPRODUTOR BARATO
JUNHÃO
Trinta e seis anos de idade. Há vários dias que ele está encafuado e quase não sai do quarto, porque está emburrado. Em virtude disso quase não tem fome e, principalmente, não liga o som no volume máximo para ouvir as músicas de rock pesado para infernizar o juízo de Ceiça. Também não sai à noite para ir farrear e não atende ninguém ao telefone. A sua preocupação é aparente, mas ele permanece calado não revelando o motivo da sua reclusão voluntária. Apesar de não se queixar de nada, no entanto, as atitudes dele despertam as suspeitas da mãe.
CEIÇA
Cinquenta e seis anos de idade. Embora o filho esteja muito quieto, ela tem um semblante de quem demonstra preocupação e curiosidade. Está com as sobrancelhas cerradas, os olhos giram de um canto para o outro e está sempre tentando coçar a cabeça por cima do lenço que cobre os bóbis. A inquietação toma conta do seu ser por estar ansiosa em obter informações sobre o motivo da mudança no comportamento do filho. Ela está intrigada por não saber o porquê dessa transformação radical no comportamento dele. Comenta indagando:
– O Júnior está muito estranho… Esse sujeito deve estar tramando algo de maléfico… Ou então, deve estar com algum mal de cabeça que dizem ser maluquice.
Mas tem dúvidas sobre o assunto:
– Hoje em dia mudaram o nome de tudo pra disfarçar. Pra não dizerem que o fulano endoidou, inventaram um tal de estresse, de depressão, de surto psicótico e outras baboseiras, que só Jesus na causa…
Ainda intrigada com a situação continua falando:
– Seja qual for o “pobrema” que está ocorrendo, vou levar ele ao “dotô” Ednaldo, o pediatra dele, pra resolver logo esse assunto.
Por alguns segundos ela para e raciocina. A seguir fala:
– Será que o Júnior puxou à minha tia Cotinha que era aluada? Deus que “mim” livre de ter um filho perturbado da mente! Por isso eu quero o meu filho de volta, nem que seja pra ele continuar perturbando a minha vida.
Depois fala com amargura:
– Estou com pena do meu filhinho… Fico triste quando vejo ele nesse estado de inércia. O Juninho sempre foi um rapaz cheio de vigor e agora está abatido desse jeito… Tenho que dar um jeito nisso com urgência.
Tentando buscar uma solução para o problema, ela afirma:
– O “pobrema” que ele tinha já resolvi. Depois de muita labuta consegui tomar um grande empréstimo bancário para indenizar a vigarista da Marlene, para que ela aceitasse aquele bebê horroroso de volta.
Inconformada, diz:
– O meu gesto generoso “mim” custou os olhos da cara. E o pior é que vou ficar pagando uma tal de pensão alimentícia ao pestinha, até a “miséra” completar dezoito anos. Estou lascada, mas, pelo menos, mantenho aquela cobra quieta e longe da minha casa.
Depois lamenta:
– O malfeito que Juninho e aquela sujeita desclassificada fizeram está custando uma fortuna. Para que Alcebíades não saiba do descaminho vou ter que economizar.
Continua falando baixo:
– Fiz isso porque tenho dó de Júnior; não quero que ele seja preso por não pagar a extorsão daquela maloqueira do olho de gato.
Ciente de que esse não é o problema do filho, imagina:
– Acredito que ele está nesse estado de letargia devido a muito olho gordo. O povo tem muita inveja do Júnior! E de mim, então, nem se fala! Ah, gente falsa!…
A seguir fala enraivada:
– Vou deixar de falar com a tal da Vanete por causa disso. Não estou mais suportando ter amizade com aquela olho de “seca-pimenteira”. Toda vez que essa fulana vem aqui em casa é só elogiando a beleza e a inteligência do meu filho.
Revoltada, afirma:
– Agora eu estou vendo o resultado danoso daqueles falsos elogios. É por isso que o Juninho está prostrado, sofrendo por causa daquela sujeita infame.
De repente arranja outra possível causa e indaga-se:
– E se o pobre coitado estiver com espinhela caída?
Na mesma hora arranja uma solução:
– Vou mandar a “véia” Terta passar o ramo nele pra benzer, porque ela é tinindo na macumba.
Esperançosa de que esse procedimento irá curar o filho, diz:
– Depois que ela fizer a reza garanto que as folhas dos ramos, antes viçosas, vão ficar murchas parecendo haviam sido tiradas semanas antes.
Apesar da empolgação momentânea, volta a ficar tristonha e conclui:
– Sinto saudades do jeito que ele era antes. Vou orar muito pra tirar esse olho grande de cima dele. Adorava ver a bagunça dele, principalmente quando ficava “mim” dando bronca! Volte pra mim, filhinho!…
A seguir para o comentário e fica alisando o queixo, enquanto faz caretas esticando os beiços como quem está a cismar. Depois muda rápido de opinião e diz para si mesma:
– Mas ele não é uma criatura normal; só sabe viver fazendo merda. Ninguém muda a natureza de uma hora pra outra. Por isso eu quero saber que diacho está ocorrendo com ele. Mas eu ainda descubro que segredo é esse!…
Enfática, afirma:
– Ah, se descubro! Ou então, não “mim” chamo Ceiça!…
Depois de analisar a situação, ela fala com fervor religioso:
– A não ser que Jesus tenha operado na vida desse salafrário e tornado ele uma pessoa melhor. Glória ao meu Deus que amarrou todos os demônios que estavam desviando o infeliz do caminho do bem.
Nesse momento diz satisfeita:
– Se ocorreu esse milagre foi devido à minha fé. Por isso eu sempre digo que o sangue de Cristo tem poder.
Conclui glorificando os seus esforços:
– Esse é o resultado de muita oração com os joelhos grudados no chão pra salvar essa alma perdida. Jamais eu iria deixar o meu filho arder no fogo do inferno.
JUNHÃO
Está prostrado em cima da cama parecendo estar deprimido. Ninguém sabe dos seus pensamentos. Amuado, demonstra estar sofrendo muito, porém continua sem nada dizer.
CEIÇA
Está curiosa para saber qual é o motivo do filho estar agindo dessa forma. Estando preocupada, resolve tentar a todo custo obter dele uma declaração afirmando que está curado das bebedeiras, das farras e da baderna que faz em casa. Tendo a sua convicção religiosa, ela quer provar que a sua igreja é de cura.
Imagina que havendo essa confirmação por parte do filho, pretende levá-lo para o culto na igreja, onde ele deverá subir ao púlpito para dar o testemunho à platéia de congregados afirmando que está totalmente regenerado de todos os males da vida mundana. Para ela seria a glória saber que as suas orações não foram em vão. E também será ovacionada pelos irmãos de fé louvando os seus esforços porque conseguiu resgatar uma alma penada.
Mas ainda pairam dúvidas no ar e Ceiça tem a convicção de que irá fazê-lo confessar a causa de tanto desânimo. Determinada, ela entra no quarto dele empurrando a porta com brutalidade para que bata forte na parede fazendo barulho para assustá-lo. Está embrutecida e disposta a expulsar à força todos os demônios que estão incorporados no filho. Ao chegar junto da cama coloca as mãos nas cadeiras, esbugalha os olhos e estica o bico. A seguir inquire com a voz firme:
– Ô rapazinho, “qualé a de mesmo” de você viver socado no quarto o dia inteiro sem dar atenção a ninguém?!…
JUNHÃO
Ainda deitado, ele arregala os olhos e fica quieto, temendo pelo pior.
CEIÇA
Tentando alcançar o seu objetivo, continua articulando um jeito para obter a confissão dele:
– Você armou o que dessa vez, pra ficar todo murcho?!… Abra logo o jogo antes que seja tarde demais! Eu sei que por trás dessa sua tristeza profunda tem alguma tramoia.
E continua provocando:
– Coração de mãe não se engana. Eu nunca lhe vi tão borocoxô assim. Você deve ter se metido em alguma trapalhada e agora fica escondido se mijando de medo feito um molóide.
Ainda enraivada, brada fatos antigos:
– Você está pensando que eu já esqueci daquele dia em que a bandoleira da Marlene veio aqui com aquele bebê mequetrefe lhe procurando?!…
Para incitá-lo a revelar, diz:
– E você, que é tirado a valentão aqui de casa, não passa de um medroso! Ficou escondido sem querer dar as caras!… Pelo que sei, a sua vida é andar fazendo merda só pra azucrinar o meu juízo.
E conclui tristonha:
– Eu estou vendo a hora de “correr doida”, por causa de tanta aporrinhação sua.
JUNHÃO
Ao ouvir a acusação, senta-se na cama e responde tristonho:
– Não há motivo pra você ficar com esse bolodório. Não fiz nada de errado, portanto, saia daqui do quarto e me deixe em paz. Só estou indisposto por causa de uma leve preocupação que está me deixando agoniado; apenas isso.
Demonstrando estar calmo ele fala:
– Não fique “apertando a minha mente”. Estou um pouco preocupado, porque aguardo o resultado de um exame laboratorial que mandei fazer.
CEIÇA
Surpresa com o que ouve, fica aflita e pergunta quase gritando:
– Exame de quê?!!!… Você está com alguma doença da rua, “miséra”?!… Já está nas últimas”, com o pé na cova?!…
A seguir afirma demonstrando estar revoltada:
– Eu sabia no meu íntimo que aquelas farras não iam resultar em nada que prestasse!…
JUNHÃO
Fica indignado e fala:
– Não tem nada a ver com farra e nem com doença ruim… Isso que está havendo é um problema meu, de foro íntimo. A minha vida não é da sua conta, porque eu já sou adulto.
CEIÇA
Tenta acuá-lo com deboche:
– E quem lhe disse que a sua amargura não é da minha conta, seu queixo-duro?!… É melhor você confessar antes que eu descubra, seu desaforado ingrato! Aí você vai ver “com quantos paus se faz uma cangalha”!
A seguir afirma irada:
– Se você já fosse “de maior” estaria trabalhando, seu Zé Preguiça! Além do mais, enquanto estiver comendo do meu pirão, dormindo debaixo do meu teto e gastando do meu dinheiro, não “mim” venha com arrogância dizendo que é independente.
E continua com as queixas:
– É cada descalabro que ouço dessa criatura!… Estou pra ver um fulano petulante igual a esse! Ainda vou pegar um “currião” de couro pra dar uma surra nesse peste.
Conclui espumando de raiva:
– E aí você vai ver quem é o maioral daqui de casa, quando eu der te uma sova bem dada! Ah sujeito, desaforado!…
JUNHÃO
Fica calado, mortiço, com o pensamento longe. Tristonho, coloca os cotovelos sobre os joelhos e apoia o rosto com as mãos espalmadas. Teme que a mãe ao saber do motivo da sua preocupação fique lhe esculachando.
CEIÇA
Ao vê-lo sem querer dar a devida atenção a ela, tenta provocá-lo:
– Já sei de tudo; Jesus “mim” deu a visão agora. Na realidade você se misturou com as quengas e agora está sem jeito, acabrunhado, com medo do resultado do exame…
Ainda exaltada, prossegue:
– Ai, ai!… Só não quero que “mim” diga que foi por falta de aviso…
JUNHÃO
Ouve a insolência dela coçando o queixo. Depois fala pacientemente:
– Não tem nada a ver com as minhas amigas, com as quais eu tomo sorvete à noite.
CEIÇA
Muda de humor na hora quando ouve a mentira do filho. Fica vermelha e esbugalha os olhos. Solta fogo pela boca e a cabeça começa a fumaçar. Está indignada e rebate:
– Só se for sorvete de pinga, seu inútil!… Está pensando que sou besta?!…
JUNHÃO
Arregala os olhos e balança a cabeça negativamente. Porém, está temeroso com o desenrolar da conversa.
CEIÇA
Querendo mostrar perspicácia, afirma:
– Você pensa que eu não percebo que todo dia você chega em casa de madrugada fedendo a cachaça?!… Dissimulado de merda!…
JUNHÃO
Responde com calma:
– Deixa de conversa-fiada porque você exagera tudo ao seu bel-prazer. Faz o maior fuzuê com qualquer coisa à toa. O que estou esperando é um simples resultado de DNA.
CEIÇA
Atônita com o que ouve, esbugalha os olhos ainda mais. Nesse momento a raiva é tão grande que começa a sair labaredas por entre os bóbis. Começa a dar esporros, aos berros:
– O quê?!… Você quer-me enlouquecer de vez, seu peste?!…
Continua gritando porque está enraivecida:
– Mal deu tempo de conseguir me livrar do “bastardinho” que estava aqui em casa “comendo” o meu juízo e agora você faz outra merda!…
Coloca as mãos na cabeça e grita desesperada:
– Ô meu Deus!… Onde foi que errei?!…
Preocupada com as consequências, reclama irada:
– “Népussivel” uma coisa dessa! Quantas vezes eu já lhe disse pra usar camisinha, “miséra”?!… Parece que tudo o que você faz é só pra “mim” pirraçar, sua “disgraça”!
Está ofegante e para um pouco para poder respirar. O coração está palpitando a ponto de querer sair pela boca. Depois continua quase gritando:
– Se vire sozinho, porque a minha casa não é a FEBEM pra criar menor abandonado!… Dessa vez é você quem vai resolver o seu angu-de-caroço, ouviu, seu malparido?!
JUNHÃO
Tristonho e com o olhar decaído, fica calado observando a mãe. Depois sai do quarto devagar e a mãe o acompanha irada.
CEIÇA
Está vermelha de raiva, envolta em labaredas e fumaça por todos os poros. Muito nervosa, sente falta de ar e para de falar por um momento. Ao reiniciar a conversa, sentencia:
– Escute bem, sujeito!… Se aparecer aqui em casa outra “biribana”, trazendo um “bastardinho” escanchado nas cadeiras pra que eu “tome de conta”, vou perder as estribeiras que nem Jesus vai “mim” segurar.
Angustiada, promete:
– Se isso ocorrer, vou chamar a “poliça” na hora pra levar todo mundo pro xadrez, porque aqui não é a casa da mãe Joana!
Ainda revoltada continua a falar:
– E não vai adiantar você ficar escondido tremendo de medo porque vou caguetar onde você está. De agora em diante vai ter que assumir as suas responsabilidades!
Ainda explodindo de raiva afirma:
– Não vou aturar aqui em casa mais nenhum menor esfomeado fazendo bagunça, porque entrego o “pivetinho” na hora pro Conselho Tutelar!…
Não satisfeita com a punição que promete, afirma:
– E você, seu “inresponsável”, também não vai escapar. Vou lhe mandar pro juizado de menores pra ser punido de acordo com o estatuto.
E completa:
– Já não basta o trabalho que tenho em criar você?!… Pensa que a minha casa é uma creche? Já estou ficando sem paciência, seu malfeitor!
Ainda querendo castigar o filho, diz:
– Por causa dos seus desatinos eu vou mandar o juiz internar você na FEBEM!
A seguir conclui condescendente:
– Eu nunca vi um menino sem juízo igual a esse… Ainda bem que o pobre do Alcebíades pensa que você é correto e muito estudioso.
JUNHÃO
Continua com uma calma impressionante e diz:
– Seu mal é julgar antecipadamente. O exame é para verificar se o menino é realmente meu filho, porque eu só “fiquei” com ela uma vez, depois de um show de “arrocha”.
CEIÇA
Sacode a cabeça e desdenha:
– Não é seu não, é?!… Ora, “mim faça uma garapa”! Meu filho é que não é!… Cabra sem-vergonha!…
Depois fala debochando:
– Aposto que esse tipinho aparecido agora é seu filho e também vai ser abandonado.
Ainda com escárnio, diz:
– Com certeza esse maloqueiro mirim foi fabricado lá na tal das “quebradas” porque você ao invés de arranjar um trabalho, só quer andar “arrochando” essas vadias.
JUNHÃO
Abaixa a cabeça e fica calado, porque sabe que tudo o que disser não terá validade.
CEIÇA
De repente começa a gritaria:
– Na hora de fazer o malfeito nas filhas dos outros, você vai pulando de alegria, mas quando algo dá errado, fica frouxo!… Isso é lá marca de homem, seu descarado?!…
JUNHÃO
Sereno, responde tentando se desculpar:
– O que aconteceu não foi dessa forma. Você deturpa tudo, porque tem uma mente maldosa.
CEIÇA
Continua brava e exclama:
– Não foi o quê, seu reprodutor barato?!!!… Vá arranjar um emprego pra trabalhar, porque agora já botou dois filhos no mundo!
Depois lamenta:
– Na realidade, pelo que estou vendo, você é o verdadeiro exterminador do futuro dessas pobres crianças!…
Complacente, afirma aconselhando:
– Você está destruindo também o seu futuro com essa devassidão. Vai terminar virando burro de carga na mão dessas quengas que vão lhe extorquir até não poderem mais.
Continua fazendo previsão:
– E o dinheiro para pagar a pensão alimentícia dos filhos vai ser desviado pelas mães desnaturadas. As safadas vão estourar a grana comprando para elas peças de vestuário e não na manutenção dos “pivetinhos” que ficarão à toa.
Inconformada, diz:
– Elas vão esbanjar o meu dinheiro a torto e a direito na gandaia, pagando farra para os malandros. O pau termina quebrando nas minhas costas. Pense bem, seu cabeça de bagre!
Mas completa o sermão justificando as atitudes do filho:
– Você, coitado, não é culpado de ter caído na lábia delas, porque é um “oreba”. Essas “fulaninhas” debochadas só querem se dar bem na vida.
E conclui convicta:
– Por mais que eu lhe advirta, não adianta; portanto, quem não ouve conselho, não pode ouvir coitado. Acabei de crer que você é um desorientado nato, que só Jesus na causa…
JUNHÃO
Deixa-a histérica falando sozinha e vai silenciosamente para o quarto. Deita-se na cama e sorri com malícia. Depois comenta sorrindo:
– Ela vai enlouquecer quando souber que na realidade são cinco resultados de exames de DNA que irei receber… Inclusive o do Alcebíades Neto. A velha vai pirar de vez!
Ainda despreocupado e contente diz:
– A Ceiça e o velho Alcebíades que se lasquem para pagar as pensões alimentícias para as mães dos moleques! Sou desempregado, portanto estou dentro da lei.
Debochado e sorridente ele diz:
– Por isso a obrigação é deles. A coroa fala toda hora que, quem pariu Mateus que balance. Não mandei eles me botarem no mundo; por isso eles que assumam a responsabilidade pelos meus atos.
CEIÇA
Ainda tristonha, roga:
– Ainda hei de ver o meu Juninho regenerado, através da força de minhas orações.
A seguir ela complementa:
– O meu filhinho não é uma criatura ruim. O mal dele são as más amizades que botam o coitado a perder. E também desse povo invejoso que tem o olho gordo.
Autor: Joswilton Lima
Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.
Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.
Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.
Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.
Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.