Episódios do Junhão: ‘CHEGANDO DA FARRA’

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Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.

O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.

A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.

As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.

As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.

O livro “O Cigano Violeiro” já foi publicado pela Editora Amazon.

Basta acessar o site – http://amazon.com – e buscar na pesquisa O Cigano Violeiro que aparece o livro na versão digital e na versão impressa.

É só clicar em cima do link amazon na mensagem acima que já vai direto. Depois é só digitar o cigano violeiro. Quando aparecer o livro, clicar em cima da capa que aparece todas as informações.

Para ver outros livros do autor é só digitar na pesquisa da http://amazon.com: Joswilton Lima.

 

O autor recebeu e-mail da Editora Amazon informando que seus livros (Episódios do Junhão, Enigmas da Escuridão e O Cigano Violeiro) foram qualificados para participarem no concurso do Prêmio Kindle de Literatura 2024.
Caso seja premiado, o livro terá uma versão impressa publicada pelo Grupo Editorial Record (o maior do Brasil), entre outros prêmios.

Com a retomada das atividades em nosso site, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar:

CHEGANDO DA FARRA

 

JUNHÃO

Vinte e sete anos de idade. Chega sorrateiro de madrugada ao apartamento onde mora e não faz nenhum ruído, porque não quer que a mãe o veja chegando embriagado. Dentro de casa a escuridão é total e ele está sem enxergar quase nada. Sendo cauteloso, resolve tirar os sapatos e caminha devagar nas pontas dos pés com os braços estendidos para frente, a fim de evitar esbarrar em alguma coisa. Mesmo tendo cuidado, os olhos estão arregalados e o coração batendo acelerado temendo fazer alguma zoada que acorde a mãe. De vez em quando, para e fica atento para escutar se a mãe está roncando. Essa precaução é para confirmar se ela está realmente dormindo.

Depois continua andando silencioso bem devagar, pé ante pé, por entre os móveis para evitar fazer barulho. Apesar do cuidado que está tendo, anda mais um pouco e, pumba!… Tropeça numa mesa de centro que está fora do seu lugar habitual, colocado estrategicamente pela arteira Ceiça. Com a colisão, um vaso barato de louça colocado de forma ardilosa na beira da mesinha cai e se espatifa no chão. Com a zoada promovida pela queda do objeto de decoração, os olhos dele ficam esbugalhados e a respiração, antes ofegante, está paralisada. Por causa do barulho ele fica estático e apenas resmunga:

– Rapaz…, que coroa esperta é essa? A sujeita é cheia de artimanha que parece o diabo de saia.

CEIÇA

Quarenta e sete anos de idade. Embora estivesse acordada aguardando o filho chegar em casa, finge estar dormindo, porque quer dar um susto nele. Está com os olhos vermelhos e muito enraivada. Com o barulho, simula acordar apavorada e grita fazendo escândalo:

– Quem “taí”?!… Quem “taí”?!… Responda logo, “miséra”!… Você é surdo?… Eu quero saber quem é o marginal que está invadindo a minha casa!

Sem obter resposta, ameaça:

– Se não responder eu vou mandar bala a torto e a direito! Vá roubar em outro apartamento, porque estou armada, ouviu, calhorda!

Ela sabe perfeitamente que é o filho farrista chegando da esbórnia, porém quer fazê-lo repensar sobre a vida desvairada que leva. Ela armou a posição do frágil vaso no móvel para poder flagrar a chegada dele com a zoada do adorno caindo no chão. Com essa estratagema, acredita que doravante ele vai ficar amedrontado e, consequentemente, ficará em casa estudando, ao invés de sair todas as noites para farrear.

JUNHÃO

Está paralisado, esperando passar despercebido por causa da zoada.

CEIÇA

Enquanto isso ela continua no quarto com os olhos esbugalhados e fazendo a encenação:

– E o sujeito praticante de delitos não diz nada? Vou telefonar agora para pedir socorro aos “puliça”!

Percebendo que o filho continua calado, porque está com medo, ela grita fingindo estar falando com a autoridade policial:

– Se você quer continuar calado, então “lávai” bronca! Já estou discando para o número do telefone de urgência para que venham me salvar: dois-nove-zero!… três-nove-zero!… quatro-nove-zero!… Aqui quem vos fala é a dona Ceiça, a esposa matrimoniada do senhor Alcebíades!

Demonstrando estar apressada, exige:

– Venha “pracá” urgente, porque tem um bandido assaltando a minha casa!…

Depois de alguns segundos, continua com a simulação:

– O brutamontes invasor parece que é mudo!

JUNHÃO

Acredita que o telefonema é real e continua estático temendo pelo pior.

CEIÇA

Não obtendo resposta do filho, ela continua gritando para fingir que está falando ao telefone:

– Alôoo, vocês são surdos!… Eu exijo a presença de uma guarnição de soldados bem armados, porque tem um bandido grandão e perigoso aqui em casa!… Ele está “mim” ameaçando!… É um sujeito horroroso que fede a cachaça!

Depois comenta:

– Agora eu estou lascada em banda! O bandido é mudo e o “puliça” parece que é surdo…

JUNHÃO

Assustado com o escândalo da mãe, ele acende a luz da sala e fala baixinho:

– Calma, sou eu… Que nervosismo é esse?!

CEIÇA

Inquire irritada demonstrando não reconhecer a voz:

– Eu, quem?!… Você não tem nome de batismo?!… Mesmo sendo um meliante, deve ter sido registrado pelos seus pais!

JUNHÃO

Fala baixo, com timidez, receoso em aumentar a conversa de modo desnecessário:

– Sou eu… A senhora sabe quem é.

CEIÇA

Não dá atenção ao que ouve e diz zombando:

– E eu é nome de gente?!… Você foi batizado, crismado e registrado com esse nome?!…  “Du-vi-dê-ó-dó”! Além do mais, não conheço nenhum marginal!

JUNHÃO

Continua falando baixo e diz:

– Sou eu… Não reconhece a minha voz?

CEIÇA

Demonstrando irritação, debocha:

– Eu lá sou advinha pra conhecer a voz do petulante que invade a minha casa de madrugada pra “mim” roubar?!… Vá logo embora, porque os “puliças” já estão vindo.

Para amedronta-lo ainda mais ela inventa:

– Eles garantiram que vão trazer o rabecão pra levar o presunto.

JUNHÃO

Parado em pé no meio da sala e com receio de ser mal interpretado pela polícia, fala dirigindo-se à parede do quarto na direção de onde vem o som da voz ensandecida:

– Já que está tudo resolvido, sou o seu filho Alcebíades Júnior. Perdi o horário do ônibus “pernoitão” para voltar para casa, por isso cheguei tarde.

Convencido de que a desculpa irá arrefecer os ânimos da mãe, pede:

– Agora ligue para a polícia e diga que o pedido de socorro foi um trote que você passou, porque tem insônia e sofre das faculdades mentais.

CEIÇA

Com raiva, resolve se vingar:

– Não vou ligar pra ninguém dizendo que sou doida!… É isso que você pensa de mim, sua “miséra”?!… Vou esperar os “homi chegar” pra resolver o “pobrema”!… Eu já não aguento mais ter o meu apartamento invadido todas as madrugadas; afinal eu pago muitos impostos pra ter proteção dos “puliça”!

Estando muito enfurecida, lembra-se do que ele disse e responde cuspindo fogo:

– E quem é amalucada é a sua mãe! Se eu estou ficando doida é por sua causa, “cão dos inferno”!

JUNHÃO

Tenta demovê-la da intenção de aguardar os policiais:

– Deixa esse assunto pra lá, porque esse escândalo só vai servir de constrangimento para todos nós. Os vizinhos vão censurar o bafafá dos policiais aqui no apartamento. Além disso eles vão te levar pro xadrez por causa da falsa comunicação de crime.

Depois diz com calma a fim de convencê-la:

– Agora vamos dormir, porque já é tarde…

CEIÇA

Enfurecida, reclama sobre o horário:

– Agora é que você está vendo que já é madrugada?!… Por que não viu isso antes, quando estava se esbaldando na esbórnia?

Depois ameaça:

– Só retiro a queixa se você pagar o vaso de louça caríssimo que quebrou. E não alegue que está desempregado, porque se tem dinheiro pra gastar nas farras, então vai ter que pagar o prejuízo que me deu. Se não pagar na hora, vai pra cadeia.

JUNHÃO

Com o olhar vazio, encolhe os ombros indicando resignação. Senta-se no sofá, curva-se sobre as pernas, coloca os cotovelos sobre os joelhos e ampara a cabeça com as mãos. Depois fecha os olhos e logo dorme profundamente, porque está com muito sono.

CEIÇA

Continua no quarto enfurecida e encenando aos berros a sua fraude durante a noite inteira sem saber que o filho já está no terceiro sono.

JUNHÃO

Às sete horas da manhã ele acorda e se levanta do sofá com o corpo todo dolorido. Coloca as mãos nas cadeiras e se enverga para trás a fim de esticar a coluna. Depois endireita o corpo e estira os braços para o alto para tentar aliviar as dores nas costas. Ceiça está no quarto dormindo porque perdeu a noite. Ao ouvir os roncos dela ele fica revoltado e exclama:

Olha aí o resultado da presepada que ela fez ontem. Agora eu estou todo quebrado e a sujeita está dormindo parecendo uma inocente.

Depois ele se mostra indignado e fala rancoroso:

– Mas “quem tem com que me pague, não me deve nada”. Essa miserável vai me pagar tintim por tintim, por todo esse mal-estar que estou sentindo.

 

Autor: Joswilton Lima

Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.

Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.

Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.

Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.

Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.

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