Episódios do Junhão: ‘CADÊ O MEU CAMARO?!!!’

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O escritor Joswilton Lima registrou os seus livros na Biblioteca Nacional do Brasil e está de posse dos Certificados. Para aquisição do livro físico ou digital é só clicar na capa:

Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.

O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.

A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.

As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.

As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.

A seguir, Episódios do Junhão I e II. Para adquirir basta clicar na imagem:

 

Joswilton Lima também é autor de ‘Enígmas da Escuridão’ e você também tem acesso ao livro para aquisição, pelo link que está na imagem, basta clicar:

 

Agora que você chegou até aqui, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar:

CADÊ O MEU CAMARO?!!!

 

JUNHÃO

Trinta anos de idade. Chega da praia em casa cansado, suado, sem camisa, descalço e vestindo um bermudão branco, úmido, estampado com detalhes verdes no formato de folhas de coqueiros. Mesmo estando molhado e sujo de areia, senta-se esparramado no sofá sem se preocupar que irá danificar o tecido do móvel com o corpo umedecido. A cara está enfezada e fica em silêncio com os braços abertos recostado sobre o encosto, parecendo um Cristo crucificado.

CEIÇA

Cinquenta anos de idade. Quando o vê espojado daquele jeito dando prejuízo, imediatamente fica irritada. Ela sabe que em pouco tempo o tecido ficará roto por causa da umidade. Na mesma hora arregala os olhos e dá-lhe um esporro:

– Oh, sujeito porco, que merda é essa?!… Isso é coisa que se faça, ordinário?!… Onde já se viu chegar da praia todo molhado e se sentar no sofá, ao invés de ir tomar um banho pra tirar o sal do mar e a areia. Levanta logo daí, “miséra”!…

Muito zangada, comenta:

– Esse menino é um sem noção! Desse jeito vai destruir tudo que temos. Também não sabe quanto custa nada…

JUNHÃO

Retruca zangado demonstrando estar ofendido com a reclamação da mãe:

– Pô…, já vi que você não respeita o sofrimento de ninguém! Eu estou aqui na maior depressão e você não está nem aí para os meus sentimentos!…

Estando inconformado com a reação dela, resolve informar o motivo da sua zanga:

– Acabei de ser roubado e você vem com esse “kaô” me esculachando! Que zorra de mulher chata e incompreensível!…

A seguir ordena num tom imperativo:

– Pegue a vassoura e vá varrer os aposentos pra me dar um pouco de paz nesta casa!

CEIÇA

Dá uma risada histérica e debocha:

– Roubado do que, se você vive “duro” de grana, porque não quer trabalhar?!…

A seguir diz um ditado popular para desmerece-lo:

– “Quem não te conhece é que te compra”!…

JUNHÃO

Aparenta ficar revoltado e rebate com grosseria:

– Se eu ando na pindaíba a culpa é sua, porque me dá uma merreca de mesada!

E afirma demonstrando desgosto por estar sendo desacreditado:

– Além do mais, quando eu digo que fui roubado é porque é verdade. O bandido levou o Camaro com o qual eu fui à praia! E o miserável ainda surrupiou o meu tênis e a minha camisa de grife que estavam dentro do carro. Não sobrou nada pra contar a estória…

Depois conclui amargurado:

– Com o furto, o vagabundo desmanchou o que eu tinha planejado fazer depois do banho de mar. Pretendia dar um “rolê” pela cidade, tirando onda de barão no carrão da moda junto com uma gatinha. Era o preço que eu ia cobrar pelas aulas de surf.

CEIÇA

Incrédula com o que ouviu, vira rápido o rosto para encará-lo. Depois esbugalha os olhos e faz bico com os beiços. A seguir, apoia levemente a ponta do pé esquerdo no chão e, enquanto balança os ombros, firma as mãos nas cadeiras para confrontá-lo zombando:

– “Ah, tá”!… Você não tem dinheiro pra pagar uma passagem no “buzú” e agora vem com essa conversa-fiada de que lhe roubaram um carro?!…

Depois diz sorrindo mangando dele:

– Conte outra estória, malandro!… Não venha pra cima de mim com gabolice, porque eu não sou besta.

JUNHÃO

Fica exasperado com a falta de compreensão da mãe e rebate:

– Não tenho dinheiro, mas tenho grandes amigos! O carro é de um coligado meu, filho de um empresário rico.

E explica o porquê de lhe emprestaram o automóvel:

– Adolfinho me pediu para levar a prima dele à praia no Jardim de Alá a fim de que eu ensinasse a garota a surfar nas ondas do mar. Ele não pôde ir também, porque tinha de ficar em casa estudando para fazer as provas na faculdade.

CEIÇA

Ao ouvir o argumento do filho, fica zangada e o repreende:

– Está vendo aí que os ricos são esforçados?!… Enquanto você, que é um pé-rapado, não quer nada com a hora do Brasil, porque é preguiçoso e quer viver na bandalheira levando a vida na flauta!

Muito nervosa, continua se sacudindo com as mãos sobre os quadris e pergunta:

– Sim, e daí?!… O que tem a ver roubo de carro com banho de mar?!…

JUNHÃO

Sentindo que a conversa está entrando nos eixos, completa:

– Tem tudo a ver!… Foi por isso que ele me emprestou o carro para que eu fosse dar aulas de surf à parenta dele!

CEIÇA

Imperiosa, indaga com dúvidas acerca do ocorrido:

– Ainda não entendi nada direito. E desde quando você é professor de alguma coisa? Só se for pra ensinar malandragem à garota.

De repente ela se lembra de algo e sente que está sendo enrolada com a conversa mole dele e fica desesperada. A seguir grita raivosa:

– Levanta logo daí, sua desgraça!… Você é surdo, seu mal-ouvido?!… Depois quem sofre é seu pai com as despesas para comprar outro sofá!…

Imediatamente ele sai do sofá e Ceiça resolve debochar da situação:

– Você foi assaltado enquanto surfava?… O bandido também estava surfando numa prancha dentro do mar?

JUNHÃO

Irrita-se com o que ouve e responde zombeteiro:

– Você quer bagunçar a minha cabeça. Quer a todo custo apertar a minha mente. Onde já se viu um ladrão ir roubar numa prancha dentro do mar?!…

De repente ele diz sorrindo para fazer gozação da mãe:

– Já pensou um bandido se aproximar de um surfista na crista da onda, puxar um revólver da cintura, apontar a arma e anunciar: “Perdeu, playboy! Passe o carro, vagabundo!

A seguir critica a mãe:

– Rapaz…, estou intrigado com a sua falta de noção… Só na sua mente psicodélica é que tem uma paranóia delirante desse tipo.

E conclui:

– Essa coroa é piração pura! Ela precisa ser estudada pela ciência pra saberem aonde ela guarda tanta idiotice na cabeça.

Termina a fala dando gargalhada.

CEIÇA

Apesar de não ter entendido nada acerca do que ele falou, por causa do pouco estudo que tem, ainda não está convencida sobre o que ocorreu de fato e continua falando com escárnio:

– Você está embolando a língua para que eu não entenda essa enrola sua. Agora conte, sem malandragem, como você foi assaltado? O bandido bateu em você? Não me diga que sofreu espancamento sem reagir e ficou murcho!

Supondo que o filho tenha sido agredido durante o roubo, fica revoltada e reclama com ele:

– Eu não admito uma coisa dessa! Você come bem, dorme o dia inteiro, está forte igual a um touro, portanto não vejo motivo pra apanhar de vagabundo e ainda entregar “de mão beijada” um veículo que não é seu a um ladrão mixuruca, um reles pé-de-chinelo!

Muito zangada exclama uma gíria:

– Ora…, “mim” faça uma garapa!

JUNHÃO

Está indignado com as suspeitas da mãe e reage com veemência:

– Rapaz…, já vi que com você o sistema é bruto!… A sua deficiência intelectual é grande, porque não entende nada do que falo.

Querendo atingi-la ainda mais, diz:

– Se fosse uma fofoca das suas amigas você entendia e decorava tudo nos mínimos detalhes. Depois espalhava o boato e ainda aumentava o fuxico que ouviu.

Depois comenta indignado:

– Mas como é um assunto sério você fica se fazendo de abobalhada.

CEIÇA

Na sua insensatez, imagina que está dominando a situação, por isso sorri e zomba:

– Acabei de crer que não adianta eu lhe dar tanta comida pra ficar “fortão”, porque apanha de bandido na rua e vem correndo pra casa se esconder na rabeira da minha saia.

E diz com raiva:

– Ah sujeito frouxo!… Esse é o verdadeiro pirão perdido.

JUNHÃO

Revolta-se com o que ouve e berra:

– Está certo, eu confesso!!! Dei uma bobeira das brabas!… Caí na lábia de um larápio e me dei mal. E tem mais: não apanhei de ninguém!

A seguir relata a estória do roubo:

– Depois de estacionar o carro na praia, peguei as pranchas de surf e tranquei o bendito veículo. Mas fiquei sem saber como agir, pois não podia entrar na água com a chave do carro para não inutilizar o chip eletrônico.

Mesmo demonstrando constrangimento por causa da sua estupidez, resolve continuar contando o sucedido:

– O malandro que estava sentado na areia perto do local, ao ver a minha agonia em querer ir surfar, sugeriu que eu colocasse a chave em cima do pneu dianteiro.

Para um pouco refletindo e depois diz:

– Eu pensei que o sujeito gentil era um “bróder” da favela, mas o miserável era um ladrão manhoso.

Depois, aparentando estar consternado, fala com revolta:

– Estando confiante de que estava tudo bem, fui me divertir à beça surfando nas ondas com a gatinha. Estávamos muito alegres e felizes dentro da água.

E continua a estória:

– Mas a surpresa veio depois quando voltamos para a areia. Segundo informações, o sujeito que havia dado a dica de onde eu deveria guardar a chave foi o ladrão que levou o carro com todos os nossos pertences.

Desgostoso com o ocorrido, relata:

– O informante disse que viu a gente se cumprimentando alegremente quando cheguei que ele pensou que éramos amigos de longa data. Por isso não desconfiou quando o ladrão levou o carro.

Revoltado, exclama:

– Já vi que a gente não pode chegar nos lugares de “peito aberto” querendo fazer amizade com quem não conhecemos.

Depois conclui demonstrando muita raiva:

– É por isso que não gosto de vagabundo que vive a iludir as pessoas em proveito próprio! – Fala esquecido das falcatruas que ele próprio pratica.

CEIÇA

Esbugalha os olhos e encara o filho. Parece não acreditar no que ouviu. Magoada porque vive sendo destratada pelo filho, comenta:

– Você não é o sabichão?!… Porquê caiu num golpe fuleiro desse?… E depois vive “mim” chamando de burra, analfabeta… Cadê a sua esperteza nessa hora?

Depois de alguns segundos calada, sentencia:

– Você é um cabeça de bagre, um cabeça de camarão!… Onde já se viu esconder a chave do carro em cima do pneu do próprio veículo?!…

Ela está tão irritada com a idiotice do filho que fica ofegante ao falar. Para um pouco e reinicia o esporro:

– Só mesmo você para cometer uma burrice dessa! E mais burro ainda é o sujeito que empresta um carro de luxo a um elemento desempregado, cachaceiro e desorientado.

Muito irada, continua com o esculacho:

– E onde foi que você já estudou pra ser professor? A única coisa que sabe ensinar é sobre preguiça e malandragem! Se orienta, rapaz!…

A seguir completa a acusação:

– Para o cabeça de vento entregar um carro porreta e uma prima menor de idade a você, tenho certeza que deve estar dizendo por aí que o pobre do Alcebíades pai é um milionário. Que sujeito vigarista!

Ainda muito revoltada, aconselha-o:

– Tome tento na vida, seu fanfarrão!

JUNHÃO

Apesar da discussão com a mãe, mostra-se tranquilo e indiferente ao problema que causou. Demonstrando ingratidão e falta de empatia com relação ao amigo, dirige-se a ela falando com firmeza:

– Se o miserável daquele tal de Adolfo me procurar, diga que viajei e você não sabe pra onde eu fui e nem quando volto.

A seguir, num tom impositivo, fala engrossando a voz:

– E se ele criar problema querendo que eu pague pelo roubo do carro, diga ao sujeito que você e o paizão vão assumir o prejuízo.

Ainda não satisfeito com a determinação que deu, completa com outra ordem inadmissível para uma pessoa que tenha um mínimo de bom senso:

– Quero que me dê bastante dinheiro, porque vou viajar para uma praia bem longe de Salvador, até a poeira baixar. Preciso descansar desse estresse por uns tempos para a minha cabeça esfriar.

CEIÇA

Abismada com o que ouviu, arregala os olhos e observa incrédula o filho ir tranquilamente para o quarto descansar. Depois comenta entristecida:

– Como eu vou resolver isso, meu Deus? Nós não temos carro e agora, como vamos pagar um automóvel dos outros?

Desesperada em arranjar uma solução a fim de livrar o filho de problemas, decide tristonha:

– O jeito vai ser tomar um empréstimo bancário para honrar o nome do meu filho, mas o meu marido jamais vai poder saber duma “miséra” dessa.

Resignada e complacente apenas lastima:

– Ah, Juninho que dá despesa!… Só Jesus na causa!

JUNHÃO

Ao chegar no quarto deita-se na cama, ainda sem tomar o banho exigido pela mãe, e põe-se a pensar como a mãe irá resolver a questão, mas logo depois exclama:

– Ora, bolas!… A solução não é problema meu; Ceiça que se lasque descascando o abacaxi!

Após alguns segundos diz enfático:

– Afinal…, eu não pedi pra nascer, portanto eles são responsáveis pelos meus atos. Por isso a velha Ceiça que se vire para solucionar as confusões que eu arranjar.

E conclui confiante na proteção da mãe:

– A coroa nunca me deixa na mão e encobre tudo que eu faço.

A seguir sorrir satisfeito e vai dormir o sono dos justos.

 

Autor: Joswilton Lima

Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.

Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.

Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.

Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.

Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.

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