Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão, será publicado em breve pela Editora Amazon. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.
O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.
A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.
As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.
As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.
O livro “O Cigano Violeiro” já foi publicado pela Editora Amazon.
Está disponível na amazon.com (o livro impresso) e na amazon.com.br (a versão digital).
Caso seja premiado, o livro terá uma versão impressa publicada pelo Grupo Editorial Record (o maior do Brasil), entre outros prêmios.
Com a retomada das atividades em nosso site, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar.
Assim, os Episódios do Junhão serão revisitados e começamos com a presentação do livro que esta disponível pela Amazon.com.br no endereço https://www.amazon.com.br/Epis%C3%B3dios-Junh%C3%A3o-Joswilton-Jorge-Nunes/dp/B08PQP2SF2 e você confere o novo episódio:
“BORA PÁ” PRAIA, GALERA!!!
CEIÇA
Quarenta e cinco anos de idade. Está radiante com uma ligação telefônica que recebeu de uma sobrinha que há muito tempo não mantinha contato com ela. Faz as tarefas domésticas com pressa, enquanto aguarda o filho chegar da rua. Está ansiosa para contar a novidade a ele.
JUNHÃO
Vinte e cinco anos de idade. Tempos depois ele chega despreocupado. Mas, como é esperto, percebe que há uma atmosfera diferente no ambiente. Ao contrário de outras vezes, a mãe está sorridente. Embora esteja curioso para saber qual o motivo de tanta tranquilidade, fica quieto.
CEIÇA
Não se contendo de contentamento, resolve contar o motivo da sua alegria:
– Sabe quem me ligou hoje? Foi a sua prima Cremilda! Ah, eu estou tão feliz!…
JUNHÃO
Fica enciumado e demonstra indiferença. Mas resolve falar com irritação:
– Sim!… E daí?!… O que ela queria? Você disse que o apartamento aqui é pequeno e já está lotado?!…
Muito zangado, continua a manifestar descontentamento:
– Diga à sujeita, sua parenta, que aqui não tem vaga pra mais ninguém!… Mande que ela vá se arranchar em outro lugar, porque aqui não é albergue!
CEIÇA
Está tão esfuziante que não dá ouvidos ao que ele diz. E começa a elogiar a sobrinha:
– Ela sumiu por muito tempo porque estava ralando na Europa. A coitada saiu daqui “pobrinha” e deu sorte na vida.
Muito entusiasmada com o sucesso da sobrinha, diz:
– Casou com um conde italiano muito rico e vieram morar aqui em salvador. Agora ela é muito chique e é da alta sociedade baiana!
JUNHÃO
Continua desinteressado pelo assunto e pergunta de modo rude:
– Sim, e daí?!… Já que agora é ricaça, ela mandou uma grana pra gente?!
CEIÇA
Está tão relaxada que não dá importância à forma grosseira da pergunta do filho e continua:
– E daí é que ela vai morar em uma mansão enorme. É uma casa maravilhosa num bairro grã-fino, à beira-mar.
Ainda empolgada, informa ao filho:
– No próximo domingo ela vai fazer uma grande recepção para inaugurar a casa com convidados da alta soçaite. Ela agora faz parte da alta-roda baiana.
Demonstrando ser uma pessoa interesseira, exclama:
– É a sobrinha que eu mais gosto!
JUNHÃO
O ciúme aumenta ao ouvir a declaração da mãe e fica com raiva. Insiste na pergunta:
– Sim, e daí?!… O que isso vai mudar em nossas vidas?!
CEIÇA
Ainda sem perder a paciência, explica:
– Nada, porque temos o Alcebíades que trabalha para nos manter.
A seguir volta ao assunto inicial:
– Ela me convidou para a festa, mas eu declinei o convite porque estou despreparada de roupas finas para uma recepção elegante. Mas você é quem vai em meu lugar, porque está prevenido de roupas.
Diz contente:
– Como é tudo “zero-oitocentos”, eu falei que o meu Juninho iria e ela ficou muito alegre. Está doida pra conhecer o “priminho”, filho da querida tia Ceiça.
JUNHÃO
Oportunista, fica animado de repente e exclama sorridente:
– Beleza!!!… Vai ser show!…
CEIÇA
Satisfeita com a anuência dele vai para a cozinha cantarolando a fim de cuidar dos afazeres domésticos. Depois, põe-se a comentar com alegria:
– O Júnior é muito educado e carismático. Quando ele bater um papo com os ricos empresários, possivelmente vai ser convidado para ocupar um alto cargo de executivo numa grande empresa multinacional.
Esperançosa, afirma:
– É como eu sempre disse: é só estar no lugar certo, com as pessoas certas, para tudo dar certo. O meu filhinho é adorável e muito competente! Todos vão gostar dele.
JUNHÃO
Assim que fica sozinho na sala faz uma série de telefonemas à boca pequena para os amigos que moram na favela:
– Pois é velho!… A festa vai ser “massa”! Minha prima é cheia da grana e é gente boa. Tem pouco tempo que veio morar em Salvador e está se sentindo sozinha, por isso nós vamos lá pra animar ela.
Estando empolgado e desejoso em participar da festança com os amigos, diz:
– Fale com a galera que a festa no domingo vai ser de arromba. Vamos curtir legal para agradar a coitada. Como ela é muito rica, com certeza vai dar dinheiro a rodo pra gente.
E conclui sorridente:
– Não meçam as despesas para comparecerem ao grandioso evento. No final do fuzuê vamos receber uma gorda gratificação.
DIA DA RECEPÇÃO – Final da Tarde
CEIÇA
Está sozinha em casa descansando do almoço. Na realidade o descanso dela é na cozinha lavando os pratos. Nesse momento ouve a campainha tocar com insistência parecendo que vai estourar. Enquanto caminha para ver quem está tão apressado, pensa no filho com carinho e comenta:
– Como é bom ser jovem… Agora ele deve estar se divertindo à beça. O Júnior é muito inteligente, por isso deve estar sendo a atração dos figurões na festa.
Quando ela abre a porta do apartamento aquele anjinho, sobre o qual comentava poucos momentos antes, está ali na sua frente, enfezado, demonstrando estar mal-humorado.
JUNHÃO
Está muito irritado e, antes que ela diga alguma coisa, ele se expressa de modo vulgar:
– Sai da frente que estou retado!!!
CEIÇA
Atônita, apenas balbucia:
– Não vejo motivo para isso. Não “mim” diga que você se esqueceu de ir na festa da sua prima!… E cadê a sua chave do apartamento? Esqueceu de levar, porquê?!
JUNHÃO
Revoltado, resolve contar o que houve:
– A zorra da chave eu perdi na correria que dei para fugir de lá. Não me fale de parente, porque “parente é que rói a gente”. E não me peça mais pra ir nessas festas fuleiras! Eu fui lá no intuito de ajudar aquela infeliz e terminei sendo mal interpretado.
Para um pouco e depois continua se justificando:
– Pensei que a prima estava precisando de companhia por estar morando numa casa enorme com um marido estrangeiro, por isso eu chamei uma galera pra dar alegria a eles. Fiz tudo na maior boa-fé.
A seguir relata como foi a chegada na casa da prima:
– Chegamos lá em dois ônibus clandestinos, do tipo “coração de mãe” que a galera fretou, porque estavam na maior alegria querendo ajudar. Quando o primeiro veículo parou e abriu a porta, Lelo deu um forte pontapé na bola arremessando-a por cima do muro.
Nesse momento ele sorri e diz:
– Logo após o chute, a turma desceu correndo atrás da bola e entraram no portão gritando palavras de ordem: raça “mengão”! “é” nós, mano! “baêeea”, minha porra! Os caras estavam alegres e fizeram a maior zoeira…
E continua relatando como se tivessem feito uma coisa normal:
– Para animar a festa Tiziu entrou na área da mansão tocando “timbau”; Buiú, o pandeiro; Fêu no cavaquinho e Kéu cantando pagode.
Empolgado, finaliza dizendo como foi a chegada triunfal do restante da galera:
– Acompanhando os músicos, fogosas dançarinas de “cordão cheiroso” sambavam e rebolavam de modo rítmico e gracioso. As quatro mulatas “gatíssimas” eram a Gracilene, Magnoiane, Janda e Lady Kely que entraram dançando muito alegres.
Nesse momento ele fica chateado com a recepção que tiveram na casa da prima e reinicia revoltado:
– Os ricaços que estavam na varanda do casarão ficaram espantados com a nossa presença, parecendo que nunca tinham visto pessoas felizes. Os grã-finos empinaram os narizes e ficaram nos olhando de cima, parecendo que a gente era um bando de favelado.
Para um pouco e sorri, porque estava se lembrando do que aprontaram:
– A turma gritava muitos palavrões porque estava entusiasmada jogando “baba” no gramado verdinho. Quando davam um “bicudo” na bola e erravam o alvo, arrancavam tufos da grama.
Ainda sorridente, continua o relato:
– Outros, junto com as garotas, ficavam pulando a todo momento na piscina grandona, de água “azulzinha” para tomarem banho. Por causa da falta de estilo do grupo, quando se jogavam, esparramavam água pra tudo que é lado. A galera era pura diversão.
Chateado com o final antecipado da farra, faz queixas acerca da sua malfadada ida à festa da prima:
– Que sujeita ingrata a tal da Cremilda. Nós fomos solidários e levamos tudo para que ela não tivesse preocupação com nada. Como a turma era grande e pra não dar “baque” no estoque de comida na despensa da prima falsa, nós levamos a nossa bebida, a carne para o churrasco e até o carvão.
Depois fica revoltado e fala:
– A gente colocou o carvão e acendeu o fogo no tablado do deck da piscina pra assar as carnes do churrasco nos espetos, quando, de repente, ficamos sem entender nada.
Na hora ficou contrariado quando soube o motivo do bafafá e relata:
– De longe presumi que era a miserável da tal prima gritando. A sujeita estava histérica e dando faniquito. Armou um barraco tão grande que foi “um Deus nos acuda” na casa. Ela fez o maior escândalo sem nenhum motivo.
Chateado com o que ouviu naquela hora, conta:
– A fulana estava alucinada e ficava gritando: põe todos pra fora!!! Soube que um daqueles maloqueiros chegou dizendo que era meu primo! Não acreditem, porque eu não tenho parentes no submundo!!!
Muito zangado, conta como aconteceu o final da farra deles:
– Nesse momento apareceu um grupo de seguranças ferozes correndo atrás da galera com cassetetes de borracha para colocar a gente pra fora dos muros da mansão.
Amargurado com a situação de vexame que passou, continua falando do constrangimento devido à experiência negativa na casa da prima que sequer chegou a conhece-la pessoalmente:
– Alegaram que nós não tínhamos sido convidados e que éramos bregas; que tínhamos jogado as garrafas vazias de cachaça por toda a área. Ora!… Lá tinha um monte de empregados que podiam fazer a limpeza do local.
Inconformado com o despejo involuntário do grupo, continua falando:
– Inventaram que destruímos o gramado durante o jogo; que as paredes pintadas recentemente ficaram imundas por causa dos chutes violentos na bola suja com terra úmida; que o deck de madeira foi queimado com as brasas do churrasco e que quebramos os tampos de vidros das mesas que ornamentavam a piscina.
Ainda revoltado com a situação, lamenta:
– Além da violência praticada contra a gente, mentiram dizendo que as garotas eram um bando de “periguetes” que se jogaram na piscina sem tomar uma chuveirada antes para lavar o sebo do bronzeador barato; que a turma não usou o sanitário para urinar, porque mijaram nas paredes da casa sem se importarem que alguém estivesse vendo o malfeito e um bocado de não-sei-o-quê.
Tristonho, fala sobre os esforços que fez para tentar resolver o problema:
– Não adiantou o nosso “kaô-kaô…”, porque os seguranças não “comeram régui”. Rapaz…, foi tanta reclamação que fizeram que até agora ainda estou zonzo.
Percebendo que a mãe está calada sem questionar nada, conclui a fala fingindo ser a vítima da situação que ele mesmo causou:
– Aquele povo rico não sabe levar nada “na esportiva”. E o pior é que eu fiquei no maior prejuízo moral e financeiro. A galera está retada comigo, porque mandei comprar as coisas no fiado e fretar os ônibus pra pagar depois, achando que a prima rica ia ficar alegre e iria me dar muita grana pra cobrir as todas as despesas.
Desgostoso com o sucedido, lamenta:
– O resultado da minha boa vontade foi a gente ter que sair de lá correndo feito bandidos. Na confusão os ônibus pifaram e foram guinchados para o pátio do Detran e só serão liberados depois que pagar “não sei quantos mil”.
Chateado com o fato toma uma decisão:
– Agora eu vou ter que ficar escondido aqui em casa por uns tempos, porque se a galera me pegar eu “tou frito”.
A seguir, conclui pedindo à mãe:
– Se a tal prima ordinária telefonar pra você, não dê importância ao que ela vai dizer, porque é uma pessoa do mal. Você promete isso ao seu filhinho querido?
CEIÇA
Não responde, porque a infeliz está desacordada. Após ter ouvido tantos desatinos cometidos pelo filho na elegante festa da sobrinha, a coitada ficou escandalizada e desmaiou na poltrona.
JUNHÃO
Olha e vê a mãe inerte. Comenta com desgosto e ameaça demonstrando rancor:
– É por isso que o “mundo está de cabeça pra baixo”. Estou falando de um assunto relevante e essa preguiçosa aproveita para dormir. Ou então isso é manha pra não me dar razão. “Destá jacaré, que a sua lagoa vai secar!”
A seguir sai e vai se esconder no quarto. Não quer que a galera o encontre, porque certamente irá cobrá-lo pelos compromissos que assumiram para a realização da farra. Não sabe por quanto tempo a sua reclusão involuntária irá demorar. E o pior é que, sem poder sair de casa, ainda terá de aturar os esporros da enfezada Ceiça.
Estando sozinho, diz sorrindo:
– Já sei como resolver o problema! Vou mandar a galera vir aqui para fazer a cobrança! A coroa que se lasque para pagar o prejuízo. Só assim a minha moral volta a ficar alta com a turma. Ai de Ceiça, se me “deixar na mão”!
Autor: Joswilton Lima
Resumo da biografia do autor:
Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.
Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.
Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.
Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.
Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.