O escritor Joswilton Lima registrou os seus livros na Biblioteca Nacional do Brasil e está de posse dos Certificados. Para aquisição do livro físico ou digital é só clicar na capa:
Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.
O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.
A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.
As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.
As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.
A seguir, Episódios do Junhão I e II. Para adquirir basta clicar na imagem:
Joswilton Lima também é autor de ‘Enígmas da Escuridão’ e você também tem acesso ao livro para aquisição, pelo link que está na imagem, basta clicar:
Agora que você chegou até aqui, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar:
A RESSACA “ELUCIDANTE”
JUNHÃO
Vinte e nove anos de idade. Chega da farra de madrugada, quase amanhecendo o dia, e a mãe ainda está dormindo. Todos os dias da semana ele repete essa mesma rotina: ao entrar no apartamento, antes de ir para o quarto dormir, bebe um copo de água que está em cima da televisão. Satisfeito, comenta:
– A coroa até que é gente boa… Ela sabe que a bebida alcoólica me deixa com muita sede, por isso coloca o copo aí para que eu não tenha o trabalho de ir até a cozinha para beber água. Isso é que é mãe; o resto é conversa!… Doravante eu vou “pegar leve” com ela.
CEIÇA
Quarenta e nove anos de idade. Com o barulho que ele faz ao chegar, acorda com os olhos vermelhos, decaídos, acende o abajur e olha as horas no relógio que está na cabeceira da cama. Toma um susto e arregala os olhos quando vê os ponteiros marcando o horário avançado. Antes de voltar a dormir, reclama baixinho:
– Olha a hora que esse sujeito chega em casa! Misericórdia!… Mas eu vou dar um jeito nisso… Vou tirar a cachaça desse pé-de-cana. Aliás já estou tomando as providências devidas que irão dar certo. Tenho fé em Deus! – Conclui a fala entoando fervor religioso.
JUNHÃO
Acorda perto de meio-dia. Levanta-se da cama aparentando estar mal-humorado. Usa uma cueca samba-canção xadrez com a pança caindo por sobre o cós. O seu aspecto está pavoroso e ele, com ressaca, vai para o banheiro resmungando algo incompreensível.
CEIÇA
Quando o filho sai do banho e senta-se à mesa para tomar o desjejum, ela debocha:
– Pelo menos dê boa tarde! Isso é hora de um ser humano saudável se levantar da cama?!… Se estiver esperando pelo almoço pode tirar o “cavalo da chuva”, porque ainda não aprontei a comida…
JUNHÃO
Fica irritado e engrossa o tom da voz respondendo encolerizado:
– Não fique “tirando onda” com a minha cara, porque eu “tou de rango”! Estou com fome, entendeu?!!!… Não estou a fim de ficar tolerando a sua ironia. Agora quero o meu desjejum! Depois, logo em seguida, pode servir o almoço.
Impositivo, ordena enraivado:
– E ande logo, porque eu não tenho tempo disponível para ficar aqui aguardando a sua lerdeza.
CEIÇA
Continua irônica e diz:
– Por que você não comeu lá na esbórnia aonde esteve durante a noite inteira? Se lá é tão bom, porque não lhe deram “de comer”? Se aqui é ruim, por que você não se muda pra lá?
JUNHÃO
Está irado com a conversa e fala de modo grosseiro com a voz rouca:
– Como é, vai botar o meu café ou não?!… Pô!… Você só sabe me esculachar!… Não comi nada lá porque “ando duro”, por causa da mixaria que me dá de mesada. O dinheiro é tão pouco que acaba num piscar de olhos.
CEIÇA
Resolve partir para o ataque e acusa:
– Claro que acaba rápido, extravagante do jeito que é!… Na sua mão não há dinheiro que chegue. Você parece o “esmeril da França” pra gastar. Além do mais, se quer ter dinheiro para esbanjar, arranje um emprego e vá trabalhar. Siga o bom exemplo de seu pai!
JUNHÃO
Nesse momento ele quase explode de raiva ao ouvir a mãe falar em trabalho e vocifera:
– “Peraí”, assim não dá!… Ao invés de botar o meu café você vem com esse papo repetitivo?!… Se fosse para eu trabalhar, já estaria trabalhando! Já se esqueceu de que já fiz vários concursos?
CEIÇA
Ajeita os bobs, coloca as mãos na cintura, faz bico com os lábios, balança os ombros e diz demonstrando sentimento:
– Vários, não!!!… Depois de muita labuta da minha parte, consegui que você fizesse apenas um concurso. Assim mesmo porque quem fez a sua inscrição foi eu, após ter passado a noite toda na fila para conseguir a senha de acesso à repartição.
A seguir relata com queixa:
– Enquanto eu estava lutando pelo seu futuro, você estava dormindo em casa, no bem-bom. Depois desse esforço meu, ainda tive que levar você para fazer o concurso com medo que desistisse no meio do caminho. E o pior foi ter de ficar aguardando na porta do colégio até o final, receosa de que você fugisse da sala antes de terminar as provas.
Completa lamentando:
– Mas hoje eu vejo que o meu sacrifício foi em vão, porque você ser aprovado que é bom, “necas de pitibiribas” …
Mas a lamúria continua:
– Aqui pra nós, como é que um sujeito que não estuda, faz farra toda noite, dorme até o meio-dia, descansa a tarde inteira, pode passar em algum concurso?!… Desse jeito não consegue aprovação nem pra ser gari ou coveiro de cemitério!
JUNHÃO
Tentando buscar a razão para si, imediatamente rebate:
– Mas foi melhor eu não ter sido aprovado, porque senão estaria pirado! Você sabe dos esquemas pesados dessa galera que promove os concursos… Eu te falei que os caras que foram aprovados até hoje não foram convocados para trabalhar. Inclusive o sujeito que tirou em primeiro lugar está na rua da amargura, porque não tinha pistolão!
E discursa com a autoridade que avoca para si:
– Na realidade é uma artimanha de desonestos que virou um negócio lucrativo. Os caras inventam um concurso só para arrecadar o dinheiro das inscrições. Para enganar os candidatos inventam um tal de cadastro de reserva, ou, então, uma tal de seletiva para iludir a moçada. O coitado se vira e paga a taxa de inscrição. Nunca mais ele vai ter o dinheiro de volta e muito menos o emprego que pleiteou.
E continua demonstrando ter ciência sobre o assunto para desviar a atenção da mãe:
– E o pior é que muitos candidatos desempregados acreditam que o concurso é coisa séria. Por isso tomam dinheiro emprestado a parentes e amigos para pagar a inscrição.
Conclui demonstrando insatisfação:
– Os coitados gastam a grana que não tem para fazer as provas na ilusão de conseguirem um emprego e não são convocados para trabalhar por causa da fraude. Terminam mais arrombados ainda, porque continuam desempregados e com os débitos dos empréstimos para pagar.
CEIÇA
Muda o semblante e fica abatida com o relato do filho. De repente toma um novo ímpeto e clama:
– Não se preocupe meu filho. Eu tenho fé em Deus, que Ele advogará em seu favor! Só depende de você me acompanhar à igreja todos os dias, ao invés de ir às farras! Sua vida irá mudar quando for um Levita do Senhor.
JUNHÃO
Fica impaciente com o assunto e se levanta da mesa. Está assustado com a convocação da mãe e fala com irritação:
– Você sabe que não digo nada da sua paranóia com religião, mas daí a querer me incluir nela já é demais! “Peraí velho”, assim você quer me transformar num zumbi de igreja!…
CEIÇA
Faz de conta que não ouviu e continua a falar:
– Quero que você tire a carteira profissional de trabalho para eu levar ao culto das Missões Improváveis. Irei erguer o braço com o seu documento bem para o alto para que o Nosso Senhor lance o seu olhar poderoso sobre ele.
Estando muito empolgada, conclui:
– Devido ao vigor das orações, você logo arranjará um bom emprego e será bem-sucedido na vida. Inclusive eu já falei do seu problema com o Missionário Postulante.
JUNHÃO
Fica assustado e interrompe:
– Não me diga que a minha vida pessoal anda de léu em léu na “boca de matildes”! Descobri agora que é você quem anda espalhando fofocas com o meu nome!
CEIÇA
Está calma e finge não ouvir o que ele fala. Nesse momento o semblante dela assemelha-se ao de quem está em êxtase. Os olhos estão fechados e mantém um leve sorriso nos lábios aparentando estar levitando. Depois de algum tempo, ainda como se estivesse arrebatada, ela fala com convicção:
– A Obreira Visionária teve uma revelação e disse que o nosso Deus, o Deus vivo, o que nos fortalece, vai interceder em seu favor. Ela disse que você se dará bem na vida, mas só se frequentar a nossa igreja.
A seguir diz com ternura:
– Eu gostaria muito que a gente fosse irmãos de fé.
JUNHÃO
Está impaciente com o assunto e retruca:
– Não me diga que você caiu nesse “um-sete-um” de revelação! É cada uma merda que eu ouço… Se me contassem sobre esse seu fanatismo eu diria que era mentira.
CEIÇA
Não dá importância ao que ouve e continua falando:
– Mas um milagre já está operando em nossa vida. Comprei do Pastor “Exaltador” uma garrafa de água ungida em dez prestações de cem reais cada, no cartão de crédito. Foi muito cara, mas eu tenho fé em Deus que conseguirei pagar certinho essa benção.
Ela está empolgada com o assunto e conta um segredo:
– A mudança em sua vida não vai demorar a acontecer. Eu já estou tendo provas disso, porque todas as noites quando estou assistindo às pregações televisivas da minha igreja eu coloco um copo com essa água em cima da televisão para que o Pastor faça a benzedura.
Olha para o filho irradiando felicidade e diz:
– Filhinho, eu estou muito feliz porque tenho notado que o Espírito Santo do Senhor bebe essa água todas as noites porque, quando amanhece, não há uma gota de água sequer no copo. Oh, Glória!…
Suspira fundo e diz de modo tenro:
– Ah, como é bom ser uma mulher de Deus!… Como eu fico feliz em ter a presença divina em minha casa! – Conclui com um leve sorriso nos lábios.
JUNHÃO
Ao ouvir isso sorri, porque sabe que ela está se referindo ao copo de água que ele bebe todas as madrugadas quando chega bêbado e sedento em casa. Depois arregala os olhos, faz um semblante de assustado e, para que a verdade não venha à tona, sai de fininho.
Vai para o quarto balançando negativamente a cabeça reprovando a inocência da mãe. Ao chegar, senta-se na cama e, com um semblante sério demonstrando preocupação, comenta:
– Rapaz, o negócio dela com religião é mais sério do que pensei… Isso é piração pura! Ela acredita realmente que tem um espírito que bebe a água. É muita “nóia” na cabeça de vento dessa velha.
Abismado com a situação psicológica da mãe, afirma:
– Só não interno ela no hospício Juliano Moreira, porque senão eu perco a mordomia que tenho aqui em casa. Se eu fizer essa asneira quem vai cozinhar pra mim, quem vai lavar as minhas roupas e me dar dinheiro?!…
A seguir deita-se na cama e sorri da invocação da mãe. Na malícia, diz sorrindo:
– Para mim é melhor que ela continue assim, abobalhada.
Autor: Joswilton Lima
Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.
Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.
Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.
Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.
Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.