Profissionais de saúde, uma reflexão em época de corona vírus.

Uma reflexão sobre os tempos atuais nos leva a pensar que as publicações cheias de gratidão em homenagem aos profissionais de saúde, acompanhadas de reconhecimentos por meio de luzes e palmas em prédios pelo país a fora, emocionam e são capazes de diminuir por alguns minutos o fardo pesado daqueles que vivem para salvar vidas. Mas, distantes de sentirem paz neste momento difícil e histórico para o mundo, a gratidão logo cede espaço para o medo, quando observado que todos os dias há um aumento significativo do número de infectados e mortos pelo novo coronavírus (Covid-19).
Enquanto especialistas acreditam que a pandemia ainda não encontrou o pico de transmissão no Brasil e as mortes já passam de 5.400 pessoas, entre esses muitas centenas de profissionais de saúde. Ai os demais precisam lidar com a ansiedade e a tensão de esperar o pior, sem a certeza de que permanecerão saudáveis e próximos das pessoas que amam.
As equipes médicas têm que atender os pacientes, mas lógico que a situação toda gera grande angústia. Volto-me a aqueles que têm atividades externas como os agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, os quais têm famílias e não podem expô-las, mas isso é o que acontecem em 100% dos casos, batem de porta em porta em uma situação patética, pois quando alguém bate em sua porta de máscara mesmo pra proteger a sua família a primeira impressão não é boa. O mesmo medo de levar o vírus para sua casa é o mesmo de alguém que estar em sua casa de receber o vírus.
Todos nós estamos ansiosos, mas o que mais gera a ansiedade é o medo de não ter a estrutura para atender os pacientes, caso tenhamos um grande número de pessoas contaminadas simultaneamente, não adiante alegar que tem dois (2), três (3) ou dez respiradores isso não resolverá os problemas da saúde pública que vem por aí. A estrutura não está adequada ao atendimento do Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento e Centro Regionais de Saúde em todas as regiões do Brasil. A falta de setores de isolamento, escassez ou ausência de equipamento individual de proteção por toda à parte e de ventilador mecânico, isso é uma realidade. Portanto, todos os profissionais de saúde estão em sua função, porém não sabemos até quando.


Pedro Honorato
Profissional de saúde pública 

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