Maria Gabriella escreve: ‘ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E PANDEMIA COVID-19’

No início da pandemia, muita gente comparava a situação com o filme Ensaio sobre a Cegueira, lançado em setembro de 2008, tem a direção do brasileiro Fernando Meirelles e roteiro de Don McKellar, que vive o personagem de ladrão. Inspirado no livro de José Saramago escrito no ano de 1995. O filme conta como fica a sociedade quando todos são atingidos pela cegueira branca, que até então não se sabe a causa, contagio, evolução e muito menos a solução. A única não atingida por tal cegueira é a mulher do médico, esta que se responsabiliza por guiar e cuidar dos cegos que estão no abrigo,  junto com o seu marido. É um mundo novo, onde a vida das pessoas é totalmente alterada pela abrupta perda da visão.  

Os personagens do filme não possuem nome e são definidos de acordo a características que os distingue. Primeiro cego, mulher do primeiro cego, médico, esposa do médico, ladrão, recepcionista, mulher de óculos escuros, homem de tapa olho, menino, rei da ala, cego normal, entre outros. Não há aquele que se destaca ou que seja mais importante. Todos são iguais e estão nas mesmas condições. Ali, naquela situação, não tem status, dinheiro ou fama. São as pessoas que tem cegueira branca.

Ensaios sobre a cegueira tem como protagonista a mulher do médico, única não cega, toma conta de sua ala e se vê responsável por todos naquela sala. Ela vê e vivencia toda a maldade, selvageria, caos e miséria humana.  Só que, num dado momento percebe-se que a cegueira é passageira e termina com a esposa do médico num momento de frustação, isso porquê a partir de quando todos voltam a enxergar, ela passará a ser “dispensável”.

Chegando ao final do filme, pode-se perceber o quanto as coisas mais simples são desvalorizadas, mas que a possibilidade de não realizá-las nos dá desespero. Isso ocorre desde o momento que o primeiro cego não consegue ver, ficando impossibilitado de se movimentar e dirigir. Não somente pensando na perspectiva da perda da visão, mas da prisão. Visto que no momento em que há dependência de algo ou de alguém, perde-se ali a liberdade.

Em nosso contexto pandêmico, vemos muito dos sentimentos e pensamentos presentes nos personagens do filme: incerteza, dependência, frustração, insuficiência, medo, angústia, dor… A obra foi e se faz importante para assistirmos nesse momento, precisamos estabelecer o que para nós tem verdadeira importância quando não nos resta nada, tanto no filme como na vida real: a saúde.

Maria Gabriella Barbosa Carneiro Araújo Silva 

Acadêmica em Direito 

Tecnóloga em Gestão de Processos Gerenciais 

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