Primeiros indicados pelo Subcomitê da Chapada estão em Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Itaetê, Mucugê, Ibicoara e Iraquara.
A Mata Atlântica é um bioma que representa o Brasil, atravessando parte do país e estando presente em 17 estados brasileiros. O bioma, que é um dos mais ricos em diversidade do mundo, se estende principalmente pelo litoral do país, desde o sul até o norte. No entanto, não é apenas no litoral que a Mata Atlântica é observada, já que se estende para o interior do território brasileiro em cerca de 500 quilômetros.
Por conta dessa extensão territorial, ainda que atualmente esteja reduzida a aproximadamente 12% da sua área inicial, a Mata Atlântica reúne características tão diversas que possibilitam que abrigue uma das maiores biodiversidades do planeta. Há exemplo, no sul da Bahia, de áreas que contém a maior biodiversidade do mundo por hectare, dado registrado no livro Guinness World Records.
O bioma apresenta uma grande diversidade de espécies, mas com uma quantidade relativamente pequena de indivíduos, o que a torna extremamente sensível e, por isso, constantemente ameaçada. E o desmatamento, a caça e a expansão urbana são alguns dos fatores de maior ameaça ao bioma, alguns deles por provocar a fragmentação das áreas de floresta, o que compromete a biodiversidade.
Portanto, um dos grandes desafios atuais é consolidar o que especialistas chamam de “corredores ecológicos”, espaços de conexão entre as diferentes áreas com vegetação de mata atlântica, a fim de possibilitar o trânsito de fauna entre elas e garantir a variabilidade genética do bioma.
Com esse objetivo, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), que é um modelo de gestão integrada dos recursos naturais reconhecido pelo programa intergovernamental “O Homem e a Biosfera – MAB” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), atua para a conservação do bioma e sua diversidade.
Na Bahia, estado com significativa dimensão territorial há o Comitê Estadual da RBMA e alguns Subcomitês, dentre eles o recém-criado Subcomitê para a Chapada Diamantina, que envolve os municípios de Itaetê, Palmeiras, Andaraí, Lençóis e Iraquara além de representantes da sociedade civil.
Fábio Lima, biólogo e secretário executivo do Subcomitê, explica que, apesar de muitas pessoas não saberem, a Chapada Diamantina abriga importantes áreas remanescentes de Mata Atlântica e poder incluir a região nos debates, ampliando a área de atuação da RBMA, é fundamental para as estratégias estaduais e nacionais de fomento à conservação e ações socioambientais.
“É muito importante a gente socializar a informação de que existe mata atlântica na Chapada Diamantina e que, inclusive, a da Chapada é uma das mais antigas”, ressaltou Fábio. O biólogo explica que, para a criação do subcomitê, foi analisado o mapa de aplicabilidade da Lei da Mata Atlântica e observado que em muitos municípios da Chapada tem mata atlântica em extensões diversas, desde o que possui menos, a exemplo de Iraquara com 2% até municípios como Lençóis, com 49% de Mata Atlântica preservada e com características especiais.
“O que torna a Chapada especial é esse ecótono, que é essa zona de transição entre caatinga, mata atlântica e cerrado. Então em um lugar só a gente pode estar em três biomas, com suas espécies endêmicas, ameaçadas de extinção. Um dos nossos trabalhos é fazer com que a mata atlântica seja reconhecida também na Chapada Diamantina”, destacou o biólogo.
Ele conta que uma das primeiras ações do Subcomitê foi identificar e aprovar as primeiras instituições indicadas para receber o título de Posto Avançado da RBMA. “Os postos avançados da RBMA da Unesco são locais que desenvolvem pelo menos dois dos três pilares exigidos pela organização: a preservação de uma área de grande relevância, atividades socioambientais e culturais, como educação ambiental, recebimento de escolas, e o desenvolvimento e fomento à pesquisa científica”, detalhou.
No entanto, explicou também que a titulação, que tem validade de 4 anos, para ser garantida passa por um “rito”, que perpassa a indicação pelo subcomitê, avaliação pelo comitê estadual e, se aprovados, nova avaliação pelo comitê nacional, instância em que é chancelado ou não o título.
A Bahia é o estado brasileiro que mais tem postos avançados da RBMA, o que possibilita ações diferenciadas, como roteiros turísticos específicos pelos postos. A ideia do subcomitê é que, no futuro, a Chapada possa ter os seus roteiros específicos da RBMA que contemplem, por exemplo, grutas e cavernas ou unidades de conservação.
Os primeiros indicados para Postos Avançados RBMA da Chapada Diamantina são o Parque Natural Municipal da Muritiba, em Lençóis, o Parque Natural Municipal do Pai Inácio, em Palmeiras, o Pantanal Marimbus, em Andaraí, a Toca do Lobo, em Itaetê, o Meliponário Bee Origem, em Mucugê, a Reserva Florestal Toca do Tatu, em Ibicoara e a Gruta da Lapa Doce, na cidade de Iraquara.
A Coordenadora Geral do CERBMA-BA, Adriana de Castro, considera que a possibilidade de estender as ações que vêm sendo desenvolvidas no estado da Bahia para a região da Chapada Diamantina é “um grande benefício” para que sejam acompanhados de perto as propostas, projetos e ações.
“Chegamos num nível de que o que a gente tem garantido e preservado hoje não é mais suficiente. A teoria é discutida o tempo inteiro, o que a gente precisa é de ações práticas”, completou Fábio.
Dessa forma, em breve, a Chapada Diamantina pode ganhar sete postos avançados, caso aprovados pelo Comitê Estadual e Conselho Nacional, passando a fazer parte de um grupo seleto que desenvolve ações de referência relacionadas à pesquisa, conservação e ações socioculturais da Biosfera da Mata Atlântica.
Fonte: chapadanews.com.br