Catolicismo a baiana, devagar quase parando: ‘Onde ele está?’

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Catolicismo a baiana, devagar quase parando.

 

Onde ele está?

 

 

Desde os antigos, passando por Tales de Mileto com a água, Xenófanes de Colofão com a terra, Heráclito de Éfeso com o fogo e Anaxímenes de Mileto com o ar, o homem já entende que ele veio de algum lugar e também encaminha sua vida a algum lugar.

 

Aprimorando as ideias destes pensadores temos Anaximandro com o ápeiron(infinito), Parmênides com o “Ser”, Sócrates com o bem e a verdade, pelos quais é acusado de ateísmo por não crer nos Deuses da cidade, mas no Deus escondido, Platão com o sumo bem, Aristóteles com o “motor imóvel”.

 

Pode ser difícil para nós homens modernos compreendermos bem estes pensadores do passado pois para eles estavam a fazer ciência e a sua compreensão da mesma difere quase que de forma diametralmente oposta ao que compreendemos pelo que o signo aponta na realidade hoje em dia, enquanto que para nós ciência se caracteriza por possibilidade, falseabilidade e pela revisão das teorias, para os gregos ciência(episteme), era sinônimo de estabilidade, imutabilidade, não por acaso para eles a matemática é a ciência por excelência, em particular ainda a geometria pois esta aponta como as coisas estão e diz também como não podem estar de outro modo, as formas estão estáveis, para eles ter ciência significa saber que as coisas estão necessariamente de certo modo.

 

E isso nos ajuda a compreender o limite de onde a filosofia pode nos levar, a entender que ela aponta em seu cerne para algo que transcende a ela mesma.

 

Nos diz os aspectos, como se desenhasse um retrato falado mas sem conseguir dizer o nome, onde encontrar, como viver com, não é menos importante pois é necessária para nos provar que crer nisto, ter está fé, não é irracional, não viola as leis do pensamento, nem que cremos em mitos, estórias para explicar a realidade de forma simbólica, cremos em algo real, concreto, compreensível a razão humano mesmo que não por completo mas que seus mistérios guardam em si a beleza de crer e confiar.

 

Aqui já descartamos a posição do ateísmo, é ela em si mesma irracional pois viola os princípios da razão, nega verdades lógicas e exige de seus seguidores também uma crença, crença no nada, o qual Parmênides já provou que não existe de forma absoluta, o não ser não é e não sendo não pode vir a ser, convido você a pensar no nada enquanto alguma coisa, concorda que o máximo que conseguimos imaginar é o vácuo do espaço sideral? Que não é o nada absoluto, mas um nada relativo à falta de massa, é um espaço vazio, mas ainda assim alguma coisa e não um “nada”. ¹

 

Descartarmos aqui também a posição politeísta, crença e fé, cosmovisão, religiões e suas consequências de que existem múltiplos Deuses, de que existem panteões, tomemo-nos pela sua forma correta, mitos, não significa que devam ser desprezados pois tem um papel fundamental sendo uma expressão simbólica profunda da realidade universal e dos princípios metafísicos que fundamentam o cosmos e a existência humana, vide Camões o Príncipe do Português que segue a tradição de Homero, Vírgilio e Dante, ao tomar os “deuses” como interpretações da ação divina na vida humana:

 

 

“Em luzentes assentos, marchetados

 

De ouro e de perlas, mais abaixo estavam

 

Os outros deuses, todos assentados,

 

Como a razão e a ordem concertavam:

 

Precedem os antigos, mais honrados;

 

Mais abaixo os menores se assentavam;

 

Quando Júpiter alto, assi dizendo,

 

C’um tom de voz começa, grave e horrendo: …”

Canto I – O Concilio dos Deuses, os Lusíadas, Luíz Vaz de Camões. ²

 

O politeísmo recai em diversos problemas como a contradição da multiplicidade e da unidade absoluta, se existem vários deuses e eles possuem vontades diferentes temos um problema de organização metafísica da realidade quando tivermos conflitos entre esses deuses, a existência de seres imperfeitos, vide que estes deuses representam emoções humanas, aspectos da físicos da realidade, o que os impede de serem o ser perfeito que satisfaz o sentido da vida, a própria questão da origem dos deuses pois se são múltiplos e existem eternamente qual deles é o primeiro ou o maior? E se não existem eternamente não podem ser deuses pois não possuem em sua natureza elementos necessários a um ser divino.

 

A posição que se opõe ao ateísmo é a religiosa, a que se opõe ao politeísmo é o monoteísmo.

 

Então se há um Deus onde então o encontramos?

 

Numa religião que seja monoteísta.

 

E parece meio obvio após conhecermos algumas coisas sobre ele que ele deseja se encontrar conosco, em ato podemos negar que seja um Deus distante e indiferente pois pela sua própria essência não poderia ser assim é como imaginar um amor que não ama ou uma justiça que não é justa, seguindo o uso da razão rejeitamos aqui o que é chamado de Deísmo e por consequência todas as suas implicações, cosmovisão, religiões e compreensões acerca do mundo, pois o que é falso e errado no começo não pode por consequência apontar para a verdade no fim, seguindo os princípios lógicos descobertos e ensinados por Aristóteles, rejeitamos aqui que Deus seja indiferente, impessoal, distante, que criou o universo e estabeleceu suas leis e lhe virou as costas, que nega a interferência desse mesmo Deus durante a história humana, que nega que ele deseja encontrar-se conosco.

 

Admitimos a posição que lhe opõe que é a Teísta pois é a conclusão lógica e que respeita a razão humana e que também nos impede de cair no próprio racionalismo deísta, caindo no erro de colocar a própria razão como Deus e erguer templos a ela como foi feito durante a revolução francesa.

 

Religiosos, monoteístas e teístas, com essa apuração excluímos a possibilidade de diversas pretensas religiões como a religião verdadeira pois em suas doutrinas, ensinos e tradições

 

 

negam essas verdades descobertas pela razão humana que a realidade natural impõe a religião verdadeira, não podemos encontrar Deus nestas religiões que negam aquilo que o próprio Deus apresenta ao homem através da revelação geral acessível a todos o tempo inteiro e em todos os lugares.

 

Neste ponto estamos excluindo as religiões, animistas, Deus não é um animal, totemistas, Deus não é um totem, atavistas, Deus não é um antepassado, henotéistas e politeístas, não existem deuses menores nem deuses múltiplos deuses, xamanistas, Deus não é um espírito e sincretistas, nem é a fusão dessas falsas religiões entre elas e ou entre elas e a verdadeira que nos levam a conhecer Deus, essas religiões por sua própria estrutura não podem nos levar a ter um relacionamento com o Deus verdadeiro, elas podem em algum aspecto ter em seu corpo doutrinal elementos de verdade, podem no máximo ajudar o homem a entender que ele precisa e busca a Deus mas nunca leva-lo a ele.

 

Sobram então as religiões monoteístas, juntas elas detém quase 5 bilhões de seguidores ao redor do mundo demonstrando que as pessoas em geral mesmo não possuindo muito refino filosófico chegam a conclusão verdadeira de que só a um Deus, destas as maiores são o Cristianismo, Islamismo e o Judaísmo somando quase 4,5 bilhões de pessoas, as outras religiões monoteístas que mais possuem fiéis são o Sikhismo, Bahá’í, Zoroastrimo, existindo nelas alguns problemas internos que não se alinham ao Deus que a realidade impõe ser o verdadeiro:

 

No Sikhismo existe o ensino de que é somente através do esforço próprio que se alcança esse Deus, porém a realidade nos mostra que não podemos alcança-lo independente dos esforços que façamos, na Bahá’í existe o ensino de que todas as religiões são iguais o que também é falso pois mesmo que aja uma multiplicidade de formas de se relacionar com Deus elas ainda são um único caminho caminhado de vários formas e não múltiplos caminhos, o Zoroastrismo implica que exista uma dualidade entre o bem e o mal o que fere a suma bondade e a unidade do Deus que a realidade impõe em ser o verdadeiro.

 

Não podendo nenhuma delas ser a verdadeira e tendo a certeza de que esse Deus busca ter um relacionamento conosco dado que ele é Amor, não podem ser as outras religiões minoritárias a religião verdadeira pois esse Deus não quer ser conhecido de alguns poucos e alcançar alguns poucos, ele ama a cada um de nós e deseja ser conhecido e amado por todos.

 

Sobrando-nos assim as 3 grandes religiões monoteístas, pode alguma delas ser a verdadeira ou estamos fadados a só ver os marcas de Deus na criação?

 

¹ A Ultima superstição – uma refutação do neoateísmo, Edward Fesser.

 

² Os lusíadas, Luíz Vaz de Camões

 

Franklin Ricardo, Católico, esposo, pai de quatro filhos, estudante de artes liberais, filosofia e teologia, apaixonado pela cultura latina e pelos grandes clássicos da cultura ocidental; ex-ateu, converso pela graça santificante.

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