Catolicismo à baiana, devagar, quase parando: ‘As Quatro Notas da Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica.’

 

Catolicismo à baiana, devagar, quase parando.

Esta coluna faz parte de uma série; confira os textos anteriores:

 

1º – O Sentido da vida

2º Que Deus?

3º– Que Deus²?

4º -Onde ele está?

-Onde ele está?²

6º -Quem é Jesus Cristo?

-A Divindade de Jesus: O Trilema de Lewis e o Mistério da Encarnação

-O que Jesus pregou e o que ele veio esclarecer?

O Mistério da Santíssima Trindade; Cremos em um só Deus!

10º – O Mistério da União Hipostática e a Encarnação do Verbo

 

As Quatro Notas da Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica

“Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica” – estas palavras do Credo Niceno-Constantinopolitano são mais do que uma declaração de fé; são uma descrição das características essenciais que definem a Igreja fundada por Jesus Cristo. Essas quatro notas não são apenas ideais ou aspirações, mas realidades que marcam a Igreja como a comunidade de salvação instituída por Cristo, conforme Ele prometeu: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Vamos explorar cada uma dessas notas em detalhe, entendendo como elas se manifestam na vida da Igreja.

 

A Igreja é Uma

 

 

A unidade da Igreja é um reflexo direto da unidade que Cristo tem com o Pai. Sua oração por unidade é clara: “Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17,11). Esta unidade se manifesta de várias formas:

 

•     Unidade de Doutrina: A Igreja professa uma só fé, aquela transmitida fielmente pelos Apóstolos e preservada pela Sagrada Tradição e pelo Magistério. Esta é a fé que se encontra no Credo, nos ensinamentos dos Concílios Ecumênicos e na doutrina dos Papas. A unidade doutrinal é crucial porque assegura que a mensagem de Cristo é a mesma em qualquer parte do mundo e em qualquer época.

 

São Paulo, na sua carta aos Efésios, exorta a essa unidade com palavras que refletem a prática da Igreja:

 

  1. Exorto-vos, pois, – prisioneiro que sou pela causa do Senhor –, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados,
  2. com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade.
  3. Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
  4. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança.
  5. um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
  6. um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. 7. Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo.

 

Esta passagem é um apelo para que os cristãos vivam de maneira a refletir a unidade da Igreja. São Paulo enfatiza a necessidade de humildade, paciência e amor mútuo, que são essenciais para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz. Ele reconhece a diversidade de dons entre os membros da Igreja mas sublinha que todos são chamados a uma única esperança, servindo ao mesmo Senhor, professando a mesma fé e participando do mesmo batismo. Isso reforça a ideia de que a unidade não é apenas institucional ou doutrinária, mas profundamente espiritual e comunitária.

 

•     Unidade de Culto: A Eucaristia é o sacramento que mais claramente expressa a unidade da Igreja, sendo chamada de “sinal e vínculo da unidade” (CIC §1398). A celebração da Missa, com seus ritos e orações comuns, reflete a unidade em ação. Mesmo com diversas expressões litúrgicas (como o Rito Romano, o Bizantino, o Maronita, etc.), todas essas liturgias apontam para a mesma Eucaristia, o mesmo sacrifício de Cristo.

 

•     Unidade de Governo: A Igreja é governada por uma única autoridade visível, representada pelo Papa, sucessor de São Pedro, e pelos bispos que estão em comunhão com ele. Esta estrutura hierárquica garante que as decisões que afetam a Igreja universal sejam tomadas em unidade, refletindo a promessa de Cristo a Pedro de que sobre ele edificaria sua Igreja (Mt 16,18-19).

 

A unidade da Igreja é também um objetivo ecumênico. A busca pela unidade visível entre cristãos, mesmo que separados por denominações, é um trabalho contínuo, como se vê nos esforços do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que trabalha para restaurar a plena comunhão entre todos os seguidores de Cristo.

 

A Igreja é Santa

 

 

A santidade da Igreja deriva diretamente de Cristo, seu Fundador e Cabeça: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la” (Ef 5,25-26). Esta santidade é vista em:

 

•     Doutrina Santa: A Igreja, assistida pelo Espírito Santo, ensina a verdade sem erro, como prometido por Cristo (Jo 16,13). Isso garante que os ensinamentos da Igreja são santos, refletindo a pureza da Revelação divina.

 

•     Sacramentos: Os sacramentos são canais de graça santificante, transformando os fiéis em participantes da vida divina. Cada sacramento é um encontro com a santidade de Deus.

 

•     Santos: A santidade da Igreja é visivelmente testemunhada pelos santos. Por exemplo, São Tomás de Aquino, cuja teologia e filosofia têm moldado a compreensão da fé por séculos, e Santa Teresinha do Menino Jesus, cujo “Caminho da Infância Espiritual” tem inspirado milhões a uma vida de santidade através da simplicidade e confiança em Deus.

 

Apesar de seus membros serem pecadores, a Igreja em si é chamada para a santidade, sendo o Corpo Místico de Cristo onde a santidade se torna possível para todos.

 

A Igreja é Católica

 

“Católica” significa “universal”, refletindo a missão da Igreja de alcançar todos os povos e todas as culturas: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações” (Mt 28,19).

 

•     Abrangência Geográfica e Temporal: A Igreja é presente em todo o mundo e em todas as épocas, desde os tempos apostólicos até o presente. Ela não conhece fronteiras culturais ou temporais.

 

•     Plenitude da Verdade e dos Meios de Salvação: Somente na Igreja Católica encontra-se a totalidade da Revelação divina, a sucessão apostólica legítima e todos os meios de graça estabelecidos por Cristo. A catolicidade também se manifesta na diversidade cultural da Igreja, que adapta sua mensagem ao contexto local sem perder sua essência, como na liturgia chinesa, nas missões na América Latina ou na evangelização dos povos indígenas.

 

A Igreja é Apostólica

 

A Igreja é apostólica porque foi construída sobre os Apóstolos e continua sua missão através da sucessão apostólica:

 

•     Fundação Apostólica: Cristo escolheu os Apóstolos para estabelecer a Igreja, e sua missão é a base sobre a qual a Igreja foi edificada (Ef 2,20).

 

•     Doutrina Apostólica: A fé que a Igreja ensina é a mesma que os Apóstolos receberam de Cristo. Essa doutrina é preservada e transmitida sem alterações substanciais.

 

•     Sucessão Apostólica: A sucessão apostólica é visível na consagração de bispos, na eleição de um Papa, como Francisco em 2013, e na ordenação de padres. Cada bispo, ao ser consagrado, torna-se um legítimo sucessor dos Apóstolos, garantindo a continuidade da missão e da autoridade apostólica.

 

A sucessão apostólica não é apenas uma tradição, mas uma garantia de que a Igreja de hoje é a continuação direta da Igreja fundada por Cristo, mantendo a mesma missão de evangelização e ensino.

 

As quatro notas da Igreja – unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade – são mais do que atributos; são sinais de identidade que distinguem a Igreja Católica como a comunidade de salvação instituída por Cristo. Elas nos chamam a viver e a testemunhar estas realidades no nosso dia a dia, contribuindo para a unidade, a santidade, a universalidade e a fidelidade apostólica da Igreja.

 

Franklin Ricardo, Católico, esposo, pai de quatro filhos, estudante de artes liberais, filosofia e teologia, apaixonado pela cultura latina e pelos grandes clássicos da cultura ocidental; exateu, converso pela graça santificante

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