Carlos Karoá escreve: FEMUP

BRASIL DIA-A-DIA ENTRETENIMENTO MORRO DO CHAPÉU REGIONAL

Nem sempre sai do guarda roupa, a mais bonita roupa que se tem, nem sempre sai da sapateira, o pisante mais bonito pra mostrar, nem sempre o forro do estômago foi a coisa mais gostosa do jantar, mas quando se vai pra ruas nas noites do FEMUP, os olhos estão mais brilhantes, os sorrisos bem mais cativantes e os abraços bem mais fáceis de se dar.

Os festivais, sejam eles de quaisquer naturezas, arte, cultura ou gourmet, lhes sobra a premissa da igualdade pelo menos até sair o resultado. Aspiramos um respeito velado pela linha do mesmo piso ocupado respeitosamente e comum a todos. Há, entretanto, uma diferença emblemática quando o festival oferece a música como o seu produto de sublimação, como item sujeito a avaliação. Pela Natureza divina que lhes cabe, que lhes enfeita ou lhes decora, a música é e sempre será a benção maior da coletividade humana. Única em unanimidade, pois curiosamente até no derradeiro sopro, os seus ritos são bem-vindos.

Para mim, a rainha da lindeza, no quesito festas da nossa cidade é o Encontro de Filarmônicas. Os trinados de palhetas e bocais nos deixam em enlevos divinos, como se naqueles instantes de audição, a existência humana fosse pedacinhos vivos de eternidade. O FEMUP não tem a beleza viva de centenas de garotos e idosos, engalanados, enchendo os ares de polcas, marchas e dobrados, como se fossem Flautistas de Hamelin, nesta hora, porém, encantando o povo com a magia do bem. Mas pela sua natureza, de ser um concurso, com as canções apresentadas tendo que passar pelo crivo de um corpo de jurados, cria ansiedade, escolhas e favoritismos e isto faz dele também, um produto de considerável aceitação.

Seu produto em oferta é a música, abrigada, entretanto num palco de teatro, na maioria das vezes zunindo cordas de guitarras e contrabaixos, acompanhando canções autorais, cujos criadores estarão sempre em aflitiva condição. A cada edição, arriba-se o nível dos contendores, arestas são aparadas, dúvidas dirimidas e as noites dos louvores ganhado cores mais vivas. Ano que vem, se vivo for, apareço com certeza.

Quando aportei por estas bandas, Dr.Wilson Dourado era o presidente da S.F.Minerva. Na folhinha marcava o ano de 1965. Nossa cidade de ares ainda provincianos, tinha na sua filarmônica, um expoente diferenciado na região, pois só Jacobina nos fazia companhia na hora de soprar palhetas e bocais, nestes termos praticamente no resto do noroeste do estado, não havia esta Ventura musical.

Sob a tutela do jovem Dantinhas, a Minerva deu um salto gigantesco de aprimoramento.

Triplicou o número de “figuras”, todos devidamente uniformizados e municiados instrumentalmente, construiu, reformou, equipou e decorou a nossa centenária sede com o zelo amoroso dos apaixonados. Encontro de Filarmônicas e FEMUP, têm o crivo da competência e responsabilidade.

Percebo o respeito que granjeou com os colegas de outras agremiações. A irmã, Maria do Carmo Dantas, escudeira mor, transpira a vontade de não permitir jamais, que a sua ou a nossa Minerva, abandone o pódio dos vencedores. Eu sinceramente gostaria de ver Dantinhas, voando acima do topo do morrão, quem sabe, ocupando aquela poltrona de respaldo negro e couro macio, que poderia dar a ele, subsídios para melhor cuidar dos rumos da cultura, aqui da terra do frio.

Instrumentistas de raras condições, tem aqui aos montes. O FEMUP é de forma natural, um revelador de talentos, tangível como os sons que nos encantam.

 

Carlos Karoá, amante de música e cinema, também tem paixão pelo universo das letras. Em 1970, deixou Morro do Chapéu com destino a Salvador, como fazia todo jovem interiorano daquela época. Hoje aposentado, retorna à nossa cidade em busca de uma vida mais tranquila. Gosta de escrever crônicas e pequenos contos, sejam eles verdadeiros ou não.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *