Agora, é cada qual no seu canto e em cada canto uma dor.
Durante as eleições, o povo morrense despediu-se da dor pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Na clássica música “ A banda”, Chico Buarque de Holanda conta a história de um povo, que nos tempos sombrios em que viviam, esqueciam a dor, por um instante, para ver passar uma banda que cantava coisas de amor. Assim, ele incluiu em um dos versos da música:
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Se substituirmos a banda pelas eleições, veremos que os morrenses despediram-se da dor temporariamente para ouvir a história, contada pela atual gestão, de uma cidade com milhares de quilômetros de pavimentação que levaria até América Dourada.
Nos grupos de whatsapp e outras redes sociais circulam vídeos de casas alagadas. Essas casas têm em comum a localização: as ruas recém pavimentadas, muitas delas dias antes das eleições. Igual a quadra municipal que também foi inaugurada às pressas para as eleições. Em tempo de chuva, para bater o baba, precisa tirar a água com rodo.
As eleições, digo “A banda”, passou. A população morrense voltou a sofrer, mas agora com algo mais grave. Com suas casas sendo invadidas pelas águas das chuvas e destruindo móveis e eletrodomésticos.
A questão agora é saber se a história em Morro do Chapéu encerrará igual a clássica música “A banda”. A banda passou e com o desencanto, tudo tomará seu lugar e será cada qual no seu canto, cada canto uma dor.
Se bem que, no caso morrense, além da dor, infelizmente, vai precisar que cada um pegue seu rodo, sua vassoura e sua par.