Os Super-heróis não envelhecem, não criam rugas, não morrem jamais. Esta prerrogativa de varar os tempos, não é divina porque a eternidade não existe, mas a imortalidade dos encantados, vem de um templo também de anjos celestiais, morada dos deuses do Olimpo, sagrada taberna de “Zeus”, quando ele senhor da vida, permitiu que estas criações das mentes, florecessem. Perambulam por revistinhas e telonas de cinema e Tv, centenas de super-heróis, alguns de carne e osso, com particularidades distintas, tipo manejo de armas e destreza com os músculos. No entanto, aqueles dotados de superpoderes, são senhores da velocidade, absolutos no fogo, no frio, portadores de visão telescópica, emitem raios gama, raios x, são capazes de voar, com o desvario até, da invisibilidade. No meio de tudo isto, há um afilhado da rainha inglesa, que não tem superpoderes mas traz na algibeira uma coisa que muitos gostariam de ter, ” l inclusive”. É a permissão para matar.
Diante da nossa realidade lúgubre e fúnebre dos dias de hoje, juro pelo criador que vez em quando me bate um incontido desejo de ser por alguns instantes, um colega da turma dos Super X. Não me bastaria evidentemente, tão somente os músculos e exímia pontaria. Queria, para exemplificar o inusitado, ter sob as asas um dos poderes destes semideuses. A velocidade do The Flash, se me chegasse, poderia cometer um delito desrespeitoso contra alguma autoridade constituída, destas indicadas por conchavos e não legitimada pelo povo, e fugir rapidamente sem o risco de ser detido por meganhas. Um sopapo ou um cruzado de direita (de esquerda jamais) nas fuças de algum desembargador, vendedor corrupto de sentenças, seria tão prazeroso quanto um arroto barulhento, cuja angústia degenerada, vem pelo estômago, quase sempre abarrotadinho de feijão.
O tantão de gente que nos arrodeia, merecedora de castigos sisudos, é tão relevante, que os braços honestos da lei, são incapazes de em tempo hábil, prover punição.
Não há espaço presidiário pra tanta gente. Para alguém que alardeia honestidade e esconde 51 milhões de reais, roubados do suor dos contribuintes, que ungidos de esperança, lhes outorga votos de confiança, que castigo seu corpinho merece?
Que fazer com alguém, que eleito depois de promessas calorosas de mudanças, surrupia recursos e descaradamente esconde na cueca? Merecia punição exemplar, mas vergonhosamente riu da cara imbecilizada dos fanatizados eleitores, pois recentemente recebeu do “probo” presidente, uma comenda por serviços prestados à nação. Foi hilário e vergonhoso, vê-lo sério e desconfiado, ter a medalha enlameada, enfiada pescoço abaixo.
Coisas deste tipo, sempre, sempre nos enojam, vez que na maioria das vezes, vem de quem nos deveria representar, com lisura e retidão.
A coisa tá feia. Feia feia, feia. Se o pilar da esperança era a justiça, danou-se, não se sabe maís por onde anda esta senhora, a dita cuja se escafedeu, tornando a lama, generalizada. Um artigo na imprensa alemã, enumera de forma admirada, as Regalias da justiça brasileira, começando com a afirmação vergonhosa que trabalham apenas 10 meses por ano, os 60 dias restantes, é férias remuneradas. Mesmo assim, é comum as denúncias de desvio de conduta por estes marajás. Aqui e acolá, tem se notícias de pocinhos de decência, mas com agentes da escuridão em derredor, tentando contaminar a “água limpa”
Prá tristeza dos sonhadores, os Super-heróis desapareceram, aqueles que eram capazes de elucidar maracutaias, foram embora, aniquilados pelo viés natural da linha do tempo. Perenidade, nem pensar.
Curiosamente, nem super-heróis modernos, aparecem em lugar algum. A garotada de hoje, com poderosos Androids a tiracolo, não tem sensibilidade para acreditar em sonhos impossíveis, mesmo de olhos arregalados, como d’antes era, devaneios juvenis. Homem Aranha ou Homem de ferro se quiserem aparecer, que vão se paramentar, em outra freguesia.
Não somos um país sério. Em vez de orgulho, se me bate, o nojo. Não dá terra nem do povo, mas das coisas que nele há, do sistema que por passividade, permitiram que nascesse. Me bastaria a técnica avançada do velho Batman, a magia do incrível Mandrake, a pontaria do rei dos cowboys, o Roy Rogers, ou os poderes do incomparável Super-Homem e aí num estalar de dedos, não haveria abaixo dos trópicos, melhor lugar para se viver. Sem regalias, sem imunidades, sem um tantão de tudo para tão poucos. Para um certo Polichinelo, sei que milhões de pessoas gostariam apenas de ter, aquela premissa dada pela rainha da Inglaterra ao agente 007, o velho James Bond:
A permissão de matar.
Carlos Karoá, amante de música e cinema, também tem paixão pelo universo das letras. Em 1970, deixou Morro do Chapéu com destino a Salvador, como fazia todo jovem interiorano daquela época. Hoje aposentado, retorna à nossa cidade em busca de uma vida mais tranquila. Gosta de escrever crônicas e pequenos contos, sejam eles verdadeiros ou não.