Quem vem primeiro: o voto ou o benefício?

BRASIL DIA-A-DIA MORRO DO CHAPÉU POLÍTICA REGIONAL

O momento é oportuno para este questionamento.

Primeiro porque não sou muito favorável à reeleição. Acredito no princípio da alternância de poder, para a verdadeira democracia acontecer.

Assim, reitero a pergunta: quem vem primeiro: o voto ou o benefício?

Um sem número de argumentos vão aparecer, inclusive a tentativa de separa joio e trigo, bem e mal, preto e branco, passado e futuro…

É, as pessoas se esquecem até em quem deram o voto na eleição anterior, imagine se elas pensam que votaram porque fulano não fez e vão votar de novo porque fulano não fez?

Depois, elas vão argumentar que pagou salário em dias, fornecedores, calçou, asfaltou, fez pelo social, educação, saúde, segurança e um sem fim de argumentos que não dizem o que se propõe com um mandato…

De outro lado, existe a chamada tentativa de perpetuação de poder. É disfarce da alternância quando se coloca um parente como candidato (a) mas, mantém os mesmos beneficiados ao redor, por que são pró. Quem for contra que…

Mas, vamos virar os olhos para o privado. O que vem primeiro: o edital ou o recurso que ele propõe?

Alto lá, existem editais públicos que também liberam recursos para diversos projetos…

Exatamente! Mas, em ambos os casos, é preciso oportunizar o edital ou o voto para que as pessoas concorram e depois recebam o benefício, não é?

Assim, lembre-se que foi seu voto que deu um salário muito bom a alguém, pelo período do mandato, para que este alguém gerenciasse os recursos, legislasse, enfim,

Então, não venha me dizer que você não tinha ideia de que pagou, a cada mês do mandato do vereador, prefeito, deputado, governador, senador ou presidente, para que os benefícios chegassem até você, sua família, sua rua, seu bairro, sua comunidade, sua cidade, seu estado, seu país.

Porém, cumpre lembrar que você já pagou mas, parece que levam sua consciência a pensar que quem deve é você, não é interessante? Você dá o emprego, paga um bom salário fora os mais diversos benefícios, mas, continua devendo?

Encerro, ilustrando com a história de uma família que não do poder, em minas gerais, desde o tempo do Império no Brasil, ou seja, mais de 130 anos:

Ciclo eterno

Família Andrada impera desde o Império em Minas Gerais

O deputado estadual Antônio Carlos Andrada (PSDB) foi eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, confirmando as previsões — mas com um placar longe da expectativa oficial. Contando com o apoio explícito do Palácio da Liberdade, através de seus principais auxiliares, o parlamentar tucano obteve 41 votos contra 35 dados ao deputado Sebastião Helvécio (PDT) e a anti-candidatura do especialista em contabilidade pública, Alexandre Bossi, com apenas um voto.

O Tribunal de Contas em Minas Gerais, há anos, se transformou em moeda de barganha política e — via de regra — é eleito pela Assembléia Legislativa um de seus membros, abrindo vaga para novos suplentes, como na eleição que aconteceu na manhã desta quinta-feira. Antes de Andrada já foram eleitos os ex-deputados Sylo Costa, Simão Pedro, Elmo Brás, Wanderely Ávila e José Ferraz – que morreu recentemente — abrindo a vaga para essa eleição.

Em Barbacena, principal reduto do novo conselheiro, o domínio da família é absoluto. O atual prefeito é Martins Andrada, irmão do deputado eleito e, ambos, filhos do deputado federal Bonifácio Andrada, filiados atualmente ao PSDB.

Oriundos da UDN tinham como principal adversário a família Bias Fortes, do antigo PSD, partido onde militou durante anos o ex-presidente Tancredo Neves, avô do atual governador Aécio Neves. A eleição, com as bençãos do atual governador, abre a possibilidade da candidatura a Lafayete Andrada, irmão do eleito, e ex-vereador de Lavras e Juiz de Fora, filho portanto do deputado Bonifácio Andrada.

O avô do deputado Antônio Carlos Andrada e pai do deputado federal Bonifácio Andrada é o folclórico Zezinho Bonifácio, líder do governo Geisel, durante o regime militar. Este por sua vez era filho de um irmão do presidente Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que presidiu a Constituinte de 1934. Todos descendentes de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência e tutor de Dom Pedro II, durante o período do Império.

Além da atividade política, os Andradas em Minas Gerais são proprietários da Unipac, uma universidade que está presente em quase duas centenas de municípios mineiros e no estado de Tocantins. No Centro-Oeste, a direção da universidade está a cargo de Fábio Andrada. Em Juiz de Fora quem a comanda é Vera Andrada, e Maria Angélica completa o clã da família no corpo diretivo universitário da Unipac. Todos filhos do deputado Bonifácio Andrada.

Outros dois membros da família ocupam posição destacada no estado. José Bonifácio Borges Andrada é o atual advogado-geral do estado. Ele já foi vereador e procurador da República por concurso público. Dorgal de Andrada é juiz de Direito, ex-presidente da Amagis de MG e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros. Ambos são irmãos do deputado eleito, completando assim os oito filhos do deputado federal Bonifácio Andrada.

Eduardo de Ávila é repórter da revista Consultor Jurídico

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *