Episódios do Junhão: ‘O DIABO É O ZAP!’

BRASIL DIA-A-DIA ENTRETENIMENTO INTERNACIONAL MORRO DO CHAPÉU REGIONAL

Mais um livro do escritor Joswilton Lima, autor dos Episódios do Junhão, será publicado em breve pela Editora Amazon. Com o título de “O Cigano Violeiro” é um conto fantasioso destinado ao público adulto e juvenil que narra as superstições existentes nas comunidades rurais do interior.

O livro relata a vida simples e feliz dos personagens, mas que é totalmente alterada devido a visita inesperada na região de um indivíduo pernicioso.

A ficção da estória irá deixar os leitores surpreendidos por causa do final fantástico.

As ilustrações também são autor. A capa é uma pintura digital com o mouse, experiência nova que mesmo com toda a dificuldade da adaptação, deu um bom resultado.

As ilustrações internas são fotos de pinturas a óleo, também do autor.

O livro “O Cigano Violeiro” já foi publicado pela Editora Amazon.

Está disponível na amazon.com (o livro impresso) e na amazon.com.br (a versão digital).

https://a.co/d/aVyvBid

 

O autor recebeu e-mail da Editora Amazon informando que seus livros (Episódios do Junhão, Enigmas da Escuridão e O Cigano Violeiro) foram qualificados para participarem no concurso do Prêmio Kindle de Literatura 2024.
Caso seja premiado, o livro terá uma versão impressa publicada pelo Grupo Editorial Record (o maior do Brasil), entre outros prêmios.

Com a retomada das atividades em nosso site, continuamos a usufruir da criatividade de amigos (as) que, por meio da sua atividade literária, presenteiam nosso leitores com textos de encher os olhos e fazer a alma viajar.

 

 

Assim, os Episódios do Junhão serão revisitados e começamos com a presentação do livro que esta disponível pela Amazon.com.br no endereço https://www.amazon.com.br/Epis%C3%B3dios-Junh%C3%A3o-Joswilton-Jorge-Nunes/dp/B08PQP2SF2 e você confere o novo episódio:

 

O DIABO É O ZAP!

 

JUNHÃO

Vinte e cinco anos de idade. Não sai mais do apartamento e também não dorme a noite inteira. Taciturno, não conversa com a mãe que se sente totalmente sozinha dentro de casa. Ela sente falta da convivência atritada com o filho. Absorto, ele não atende ligações no telefone fixo; aliás, nem ouve o telefone tocar. Por causa da sua desatenção, a mãe tem que correr da cozinha até a sala atropelando tudo pela frente para ver se é algum parente que está ligando. Indiferente ao que se passa em derredor ele passa o tempo todo com o aparelho celular na mão, olhando-o como se estivesse hipnotizado. Constantemente digita alguma coisa ao ouvir o aparelho assobiar.

CEIÇA

Quarenta e cinco anos de idade. Está cismada com a calmaria que está reinando em casa. Com o mesmo ímpeto de curiosidade que tinha quando era mais nova, faz conjecturas acerca do atual comportamento do filho. Pensa:

“O silêncio dessa criatura está me deixando enervada. Já “tou” com saudade das brigas e da zoada daquele som horroroso que esse miserável ligava a toda altura, sem se incomodar com ninguém. O único barulho que ouço dia e noite é o som irritante desse assobio emitido pelo celular dele. Depois que eu comprei o aparelho para ele, acabou o homem…”

A seguir, demonstrando desconfiança, fala para si:

– Com certeza ele está doido varrido. Será que esse celular botou uma doença mental nele? O único jeito vai ser levar esse menino a um médico de cabeça pra dar um remédio para curar essa doença infame.

De repente se lembra de que não pode inculcar o filho levando-o para um psiquiatra e diz empolgada:

– Já sei! Ele vai se consultar com o pediatra dele, o “dotô” Ednaldo. Tenho certeza que ele vai descobrir que o problema do menino é espinhela caída.

Ciente de que diagnosticou a doença do filho, diz entusiasmada:

– Aliás, não precisa incomodar um médico com uma besteira dessa, porque isso é fácil de curar. Basta levar ele para a benzedeira Tertuliana de Oxum passar o ramo nele. Nós vamos no terreiro dela que fica no Vale do Ogunjá.

Depois afirma cheia de fé:

– A velha Terta é bamba no ofício das ciências ocultas. Ela reza o doente passando uns galhos de folhas de determinadas plantas no corpo do sujeito. Se após a benzedura as folhas estiverem murchas, significa que o infeliz já está sarado.

E conclui esperançosa:

– Com certeza o Juninho vai sair desse estado de prostração.

JUNHÃO

É meio-dia quando ele sai do quarto e passa pela cozinha para ir ao banheiro. Nem sequer dá um bom dia à mãe. Está com um aspecto horrível: olheiras, olhos bem vermelhos, cabelo desgrenhado e barba crescida. Não nota a mãe, porque anda com o olhar fixado no celular. No pequeno trajeto, a obsessão em ficar olhando o aparelho faz com que ele esbarre em alguns móveis. Ao entrar no banheiro não fecha a porta, porque está entretido olhando para o telefone. A todo o momento o aparelho assobia indicando que novas mensagens estão chegando. Ao ouvir o sinal sonoro ele fica ávido para saber as novidades que foram enviadas.

CEIÇA

Curiosa, ela vai andando devagar nas pontas dos pés e os olhos arregalados para verificar o que está ocorrendo dentro do banheiro. Fica horrorizada com o que vê: o filho, enquanto escova os dentes, tem os olhos fixos no celular e digita no teclado; tudo ao mesmo tempo. Continua observando e fica abismada ao vê-lo tomando banho, se ensaboando, enquanto digita no celular. E conclui para si:

– É…, dessa vez ele endoidou de vez. Eu sempre soube que ele nunca teve o juízo no lugar. Agora está comprovado.

Quando o filho termina o banho, sai molhado com a toalha envolta na cintura e passa por ela digitando no celular. A mãe não aguenta em ver o desleixo dele. Fica vermelha, começa a fumaçar a cabeça a ponto de pipocar os bóbis que prendem os cabelos mal-arrumados. Grita enervada:

– “Peraí”, mocinho! Aqui é a “casa da mãe Joana”?!… Volte para o banheiro para se enxugar e vestir a roupa, porque aqui é casa de família! Depois pegue o rodo para enxugar o rastro de água que você deixou no chão. E pare de ficar olhando a porra desse celular!!!

JUNHÃO

Envolvido na sua atividade virtual toma um susto ao ouvir o grito da mãe. A seguir retruca:

– “Peraí velho”, eu apenas esqueci de me enxugar e de vestir a roupa, porque estou ocupado no WattsApp. Não estou entendendo o motivo de tanto escândalo. Você parece que está ficando maluca com essa gritaria…

CEIÇA

Está furiosa e ataca:

– Que diabo é zap-zap? Esse trabalho todo que você está tendo no celular, rende algum dinheiro? É algum emprego fixo? Você “tá” fazendo alguma coisa de útil?

JUNHÃO

Tenta explicar à mãe a nova maravilha do mundo moderno:

– É um aplicativo da rede social que serve para as pessoas se comunicarem, fazer amizades, arranjar namoros, participar de grupos, enviar fotos pessoais e de acontecimentos.

E completa o ensinamento:

– No momento é o máximo em termos de comunicação. Aquele tempo de mandar carta pelos Correios já acabou. Quem é jovem tem que estar ligado ao que está na moda.

CEIÇA

Ao ouvir o discurso dele, diz com ironia:

– Sim!… E daí?!… Não estou vendo nenhum resultado prático nesse vício no tal de zap. No meu modo de ver as coisas, você arranjou um emprego com dedicação total e sem remuneração. Do jeito que estou vendo o seu patrão é o satanás, porque o rabudo já dominou a sua mente…

Depois reclama com raiva:

– E não me venha com conversa-fiada “pra boi dormir”. Você está tão envolvido com essa peste de zap que ainda não percebeu que a sua juventude está indo embora com essa inércia. Arranje um emprego e vá trabalhar que é melhor!

JUNHÃO

Não se dá por vencido e se vangloria:

– Você já é coroa e não entende nada de modernidade. A tecnologia é tão boa que já estou com um monte de namoradas virtuais.

CEIÇA

Fica enfezada com a declaração do filho e debocha:

– Só mesmo um imbecil acredita que está namorando alguém através de mensagens pelo telefone.

Mesmo estando zangada, aproveita para zombar dele:

– Daqui a uns dias uma debochada dessas vai dizer que você fez um filho virtual. Como é um idiota vai acreditar e ainda vai querer que eu pague pensão alimentícia à mãe do bastardo.

A seguir diz queixosa:

– É por isso que eu acredito que este tal de zap-zap botou uma doença mental em você. Não é possível que um ser humano normal fique dia e noite grudado nessa desgraça.

JUNHÃO

Tenta persuadi-la de que está no caminho certo:

– Você não acredita, mas o fato é que tem um monte de gatas que não me dá sossego o tempo inteiro. A toda hora o assobio do aparelho indica que uma delas postou uma mensagem amorosa para mim.

CEIÇA

Interrompe-o e diz com sarcasmo:

– Elas devem ser desocupadas iguais a você pra ficarem dia e noite feito doidas, grudadas no aparelho celular. Ou então esse tal do zap-zap idiotizou todo mundo que usa essa “miséra” que você diz ser um aplicativo.

JUNHÃO

Fica irritado com zombaria da mãe e tenta se gabar:

– Pois fique sabendo que estou com uma namorada virtual inglesa que é dona de um poço de petróleo na Nigéria. Está vendo aí que eu estou “bombando” no zap?!

CEIÇA

Ao ouvir o desatino dele, a mãe dá uma risada e depois inquire:

– “Ah tá”, é mesmo?!… Já que a sua namorada é milionária, quando é que você vai morar na África com ela? Hem?!…

JUNHÃO

Tem um sobressalto e fica deprimido quando se lembra da amada que nunca viu pessoalmente, a não ser através de mensagens via celular. Tristonho diz à mãe:

– Infelizmente eu não vou poder ir ao encontro dela, porque a coitada está sendo mantida refém por um grupo de terroristas radicais que exigem muito dinheiro em troca da libertação dela.

Dá um suspiro forte e, abatido, continua contando a estória que lhe foi passada através de mensagens da sua pretensa namorada:

– Ela pagou muito dinheiro em impostos e taxas ao governo para continuar tendo o direito de explorar o petróleo. Porém, quando viajou através do país para ir visitar o seu poço, foi capturada por um grupo de guerrilheiros sanguinários. Agora exigem que ela pague duzentos mil dólares em pouco tempo, porque senão, os bandidos vão matá-la.

Lamentando o fato, diz:

– Infelizmente Suy gastou toda a grana que tinha e agora está dependendo de mim. Por isso eu preciso mandar o dinheiro para livrá-la das garras daqueles facínoras.

A seguir entra em prantos, a ponto de soluçar, e implora à mãe:

– Mãezinha querida, se você gosta de mim, hipoteque esse apartamento no banco para levantar a grana que preciso, porque eu preciso libertar ela do sequestro.

CEIÇA

Sisuda, esbugalha os olhos e os fixa no filho naquele estado deplorável. Insensível aos apelos dele, estica os beiços e fala com dureza:

– “Quem não te conhece é que te compra”. Só mesmo um calhorda pra pedir à própria mãe uma merda dessa! Já sofri muitos golpes financeiros da sua parte. Mas, nesse caso você se superou; está até parecendo um ator melodramático de novela na televisão.

Ainda revoltada com a situação inusitada, diz com raiva:

– Caso você esteja falando a verdade, diga à sua fulana estrangeira que procure os familiares dela para obter o dinheiro, porque “quem pariu Mateus, que balance”. Eu nunca vi essa desmilinguida “vendendo maxixe na feira”, portanto quero mais é que ela se arrombe.

A seguir, diz incisiva:

– É muita cara de pau da sua parte querer que eu e seu pai empenhe o nosso apartamento, o único bem que temos, pra mandar o dinheiro para uma picareta ladrona que iludiu um menino ingênuo igual a você.

Depois lamenta sobre o pedido do filho:

– Independente de qualquer coisa, é inadmissível que um jumento igual a você, do miolo mole, seja tão idiota a ponto de querer que os pais percam a residência, para depois ficarem na sarjeta “sem eira e nem beira”.

JUNHÃO

Choraminga soluçando por não ter sido atendido em seu pleito e vai para o quarto ficar torcendo que a sua mãezinha consiga o numerário que irá salvar a sua amada inglesa. E fica o dia inteiro chorando alto como uma forma de sensibilizar a mãe. De vez em quando ele lamuria, quase gritando para que ela possa ouvir os seus prantos. Comenta choroso:

– Que mãe ruim e desnaturada que eu tenho!… A sujeita é muito má. Está se recusando em fazer uma coisa tão simples para me ajudar… Eu já tenho o número da conta bancária dos sequestradores para enviar o dinheiro que irá salvar a minha namorada…

CEIÇA

Pouco tempo depois de ouvir o palavreado do filho, ela fica sensibilizada com a aflição dele. Deprimida, começa a pensar como irá convencer o esposo a penhorar o apartamento para que o seu Juninho querido possa salvar a amada dos facínoras que a mantém refém. – Rude, ela não percebe que o filho caíra num golpe aplicado por bandidos na internet.

JUNHÃO

De repente ele para o escândalo, porque tem um estalo mental. Então, imediatamente para de chorar e começa a sorrir. Muito contente, fala:

– Mas eu sou mesmo um asno! Quando a coroa entregar o dinheiro a mim, a inglesa que se arrombe, porque não vou dar a grana de “mão beijada” a nenhum nigeriano.

E relata o seu plano:

– Com a dinheirama dada pela coroa eu vou comprar e dar de presente à Janete, minha amada, um luxuoso apartamento no Alto de Itaigara para que ela se mude da favela, no Vale das Pedrinhas.

 

Autor: Joswilton Lima

Resumo da biografia do autor:

Joswilton Lima é natural de Ilhéus-Ba, mas é domiciliado há mais de vinte anos em Morro do Chapéu. Tem formação em Ciências Econômicas, mas sempre foi voltado para as artes desde a infância quando começou a pintar as primeiras telas e a fazer os seus primeiros escritos. Como artista plástico participou de salões onde foi premiado com medalhas de ouro e também de inúmeras exposições coletivas nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Possui obras que fazem parte do acervo de colecionadores particulares e entidades tanto no Brasil, quanto em países do exterior, a exemplo dos E.U.A, Portugal, Espanha, França, Itália e Alemanha.

Em determinada época, lecionou pintura em seu atelier no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, e foi membro de comissões julgadoras em concursos de pintura. Nesse período exerceu a função de Diretor na Associação dos Artistas Populares do Centro Histórico do Pelourinho (primitivistas e naif’s), em Salvador.

Como escritor também foi premiado em diversos concursos de contos tendo lançado um e-book com o título “Enigmas da Escuridão”, com abordagem espiritualista, tendo obtido a nota máxima de 5 estrelas de leitores do site www.amazon.com.br Outros contos e romances também estão sendo escritos.

Concomitante às atividades artísticas, sempre exerceu funções laboriosas em diversos setores produtivos e, por último, se aposentou na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, onde trabalhou por muitos anos na Fiscalização.

Agora tem o prazer de apresentar aos leitores do site www.leoricardonoticias.com.br o seriado de crônicas intituladas Episódios do Junhão, com as quais espera que tenham uma leitura agradável e de reflexão.

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